Os Estados mais vulneráveis às mudanças climáticas, assim como vários países desenvolvidos e ONGs aumentaram, nesta quinta-feira (13), a pressão para que a COP24 chegue a um acordo que permita deter o aquecimento, na reta final desta reunião crucial que é realizada em Katowice.
Reunidos nesta cidade polonesa, cerca de 200 países estão chamados a elaborar as regras de aplicação do Acordo de Paris, que busca limitar o aquecimento global.
Segundo informes científicos, as mudanças climáticas são cada vez mais alarmantes e põem em perigo o futuro da humanidade.
Diante do risco de sua própria "extinção", meia centena de países que representam mais de um bilhão de pessoas, da Costa Rica ao Nepal, passando pelos pequenos Estados insulares como Fiji, exortaram "todas as partes a se unirem contra uma conclusão medíocre da COP24", disse a presidente das Ilhas Marshall, Hilda Heine, em uma mensagem em vídeo.
Paralelamente, países como Espanha, França, México e Argentina, assim como a União Europeia, se uniram para ressaltar a urgência de agir diante de um planeta que, com um aumento de 1ºC, já está registrando condições extremas, como secas, inundações e ondas de calor.
- Alianças de última hora -
Estes países assinaram um comunicado em nome da "coalizão de grande ambição", uma iniciativa que surgiu nas últimas horas da COP21 de 2015 em Paris para encorajar o resto da comunidade internacional a alcançar um acordo histórico.
"Isto prova que há uma preocupação muito forte de um grande número de Estados que querem sair daqui com uma verdadeira dinâmica adotada por todos os países do planeta", disse à AFP David Levaï, do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Relações Internacionais da França.
A estagnação das negociações - marcadas também por um contexto geopolítico desfavorável, especialmente devido à retirada anunciada do Acordo de Paris dos Estados Unidos e às dúvidas sobre a política climática do presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro -, levou a presidência polonesa da COP24 a nomear um grupo de ministros como facilitadores.
Sua tarefa é fazer avançar os dois principais objetivos do encontro: elaborar as regras de aplicação do Acordo de Paris e estudar um aumento das metas nacionais de redução de emissões de gases de efeito estufa.
- Avanços "desiguais" -
"Houve avanços desiguais", reconheceu nesta quinta-feira a ministra espanhola da Transição Ecológica e facilitadora Teresa Ribera. Mas "não há nada que impeça a chegada a um acordo completo: o nível de maturidade e de vontade é alto o suficiente".
Ela reconheceu que um dos temas mais complexos é a polêmica causada por um grupo de países liderados pelos Estados Unidos que se negaram a aceitar o último informe do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que alertou das consequências nefastas que um aumento superior a 1,5ºC teria para o planeta.
"Não deveria ser assim porque isto tem a ver com a ciência", defendeu.
O Acordo de Paris contempla limitar o aquecimento abaixo de 2ºC e, se possível, de 1,5ºC. Mas mesmo que sejam cumpridas as metas nacionais atuais de redução de emissões, a temperatura subiria mais de 3ºC.
- COP25 na Costa Rica? -
"Os cidadãos do mundo esperam que cada país, depois de ler este informe" do IPCC, "se comprometa imediatamente a fazer mais", disse Jennifer Morgan, codiretora do Greenpeace.
As populações "já não estão à espera de que haja um consenso global: denunciam seus governos, as grandes empresas poluentes, bloqueiam estradas e pontes, organizam greves nas escolas, e isto é só o início", disse Morgan.
Símbolo da mobilização da sociedade civil, a adolescente sueca Greta Thunberg fez um chamado na COP24 para que outros cidadãos do mundo sigam seu exemplo e se manifestem nesta sexta-feira em frente às sedes dos parlamentos.
Outra questão pendente a ser resolvida é a sede da COP25 em 2019, depois de que o Brasil se recusou a receber o evento. A Costa Rica é um forte candidato, mas segundo Pascal Girot, membro da delegação do país, "o assunto ainda está sendo discutido" entre os países latino-americanos.
* AFP