A justiça peruana proibiu, neste sábado, que o ex-presidente Alan García saia do país durante 18 meses, depois de que a procuradoria ampliou uma investigação por supostos subornos pagos pela construtora brasileira Odebrecht.
"Disponha-se a medida de impedimento de saída do país contra o investigado Alan García Pérez", disse o juiz Juan Carlos Sánchez Balbuena, de um tribunal especial anticorrupção, ao acolher um pedido do procurador José Domingo Pérez, em uma audiência à qual o ex-presidente não compareceu.
O procurador Pérez, especializado em delitos de corrupção, investiga supostas irregularidades na licitação para a construção da linha 1 do metrô de Lima durante o segundo mandato de García (2006-2011).
Pérez argumentou que García tentou acelerar a licitação das obras do metrô, e que a proibição da saída do país era necessária para garantir que ele compareça quando for chamado a declarar, pois mora parte do tempo na Espanha.
O advogado de García, Erasmo Reyna, não rebateu o pedido do procurador, mas alegou que seu cliente cooperou com a justiça, foi um "bom governante", "sobretudo em seu segundo governo" (o primeiro, em 1985-1990, terminou com hiperinflação), e não podia conhecer todas as atividades da Odebrecht.
O Peru é um dos países mais afetados pelo escândalo de corrupção da Odebrecht, que admitiu ter pago 29 milhões de dólares em subornos ao longo de três governos peruanos, incluindo o segundo de García.
O ex-presidente social-democrata, investigado por este caso desde março de 2017, havia respondido desafiante na quinta-feira o pedido da procuradoria, tachando os investigadores de "imbecis".
Depois moderou o tom e expressou que aceitava a proibição de saída do país, o que evitou que os debates na audiência judicial se prolongassem excessivamente neste sábado.
García, de 69 anos, é investigado por suposta lavagem de dinheiro e conluio agravado em prejuízo do Estado peruano. Se for levado a julgamento, pode ser condenado a 11 anos de prisão.
* AFP