A CIA concluiu que o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohamed bin Salmán, encomendou o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi em Istambul, no mês passado, revelou na sexta-feira (16) o jornal Washington Post, que cita várias fontes anônimas ligadas à investigação.
A informação, divulgada pelo jornal no qual Khashoggi trabalhava, desmente revelações recentes do regime saudita de que o príncipe herdeiro nada teve a ver com o crime. Contactada pela AFP, a agência de inteligência americana se negou a comentar a notícia.
A conclusão da CIA é baseada em várias informações de inteligência, incluindo um telefonema de Khalid bin Salmán — irmão do poderoso príncipe herdeiro e que exerce o função de embaixador saudita nos Estados Unidos — para Khashoggi.
De acordo com o Washington Post, Khalid garantiu ao jornalista crítico ao regime em Riad que poderia ir ao consulado saudita em Istambul sem correr qualquer risco. O jornal acrescenta que o telefonema foi feito a pedido do príncipe herdeiro e que não está claro se Khalid sabia do plano para assassinar o jornalista.
"É uma grave acusação, que não deveria ser atribuída a fontes anônimas", reagiu Khalid bin Salmán no Twitter.
Jamal Khashoggi entrou no consulado saudita em Istambul no dia 2 de outubro para cuidar da papelada do seu casamento com uma turca e nunca mais foi visto.
Reagindo à notícia, o vice-presidente americano afirmou que os assassinos do jornalista saudita terão de prestar contas aos Estados Unidos, prometeu Mike Pence neste sábado (17).
"Os Estados Unidos estão determinados a pedir que prestem contas todos aqueles que são responsáveis" pelo assassinato do jornalista, que vivia nos Estados Unidos, disse Pence à margem da cúpula da Apec em Port Moresby.
O Tesouro dos EUA há havia anunciado na quinta-feira sanções contra 17 altos funcionários sauditas por sua "responsabilidade ou cumplicidade" no crime.