Ao menos 50 pessoas morreram e 72 ficaram feridas nesta terça-feira (20) em um ataque suicida em Cabul, capital do Afeganistão. O local sediava uma reunião de altos líderes religiosos, os ulemás, para comemorar o aniversário do profeta Maomé.
— O Alcorão estava sendo recitado quando a bomba explodiu. Foi um caos, muitos gritaram, levamos os feridos nas ambulâncias. Muitos dos mortos são jovens — disse Mohammad Hanif, estudante de leitura religiosa, à AFP.
O ataque não foi reivindicado por nenhum grupo terrorista até o fechamento desta reportagem. O porta-voz do Talibã, Zabihulá Mujahid, escreveu em uma mensagem de WhatsApp que "condena veementemente este ataque ao comício de hierarquias religiosas e civis".
Este é um dos atentados mais letais cometidos na capital afegã desde o mês de setembro. Naquele mês, um ataque suicida contra manifestantes que protestavam contra a nomeação de um chefe da polícia local, na província de Nangarhar, matou 68 pessoas. Dias depois, outra explosão matou 26 pessoas.
As eleições legislativas de outubro foram acompanhadas de uma onda de violência em todo o país. Centenas de pessoas morreram ou ficaram feridas em ataques terroristas vinculados ao pleito, que foi encerrado no dia 23 de outubro. Os resultados ainda não são conhecidos — devem ser divulgados apenas no dia 20 de dezembro.
Não é a primeira vez que milícias terroristas atacam religiosos. Em junho, um caminhão-bomba explodiu perto de uma reunião de clérigos em Cabul uma hora depois deste grupo condenar ataques com explosivos.
O ataque desta terça-feira ocorre em um momento em que os talibãs pressionam as forças de segurança afegãs, apesar dos esforços da comunidade internacional para iniciar um diálogo de paz. O enviado especial dos Estados Unidos, Zalmay Khalilzad, disse no domingo em Cabul que espera que se chegue a um acordo antes da eleição presidencial de abril, para pôr fim a 17 anos de guerra.