Cerca de 50 mil mulheres participam entre este sábado (13) e segunda-feira (15) do 33º Encontro Nacional de Mulheres. O evento acontece em Trelew, no sul da Argentina, no ano marcado pela histórica abordagem do projeto de legalização do aborto no Congresso.
Nas jornadas, que a cada ano contam com mais participantes, busca-se visibilizar "a luta das mulheres pela igualdade e por uma vida livre de violência machista", segundo a convocação.
No primeiro encontro, em 1986, foram mil autoconvocadas, e este ano as organizadoras aguardam 50 mil mulheres, entre elas também transexuais e travestis, que participarão ao longo de três dias de 74 oficinas e duas marchas. A patagônica Trelew, de 100 mil habitantes, a 1,4 mil quilômetros ao sul de Buenos Aires, foi escolhida como reconhecimento das mulheres originárias de nações indígenas.
O grupo vem lutando para que o encontro passe a se chamar plurinacional, ao invés de nacional, e que valorize as suas lutas ancestrais.
Este ano, o encontro recebe o impulso das maciças manifestações de mulheres que acompanharam o histórico debate parlamentar do projeto de aborto legal, seguro e gratuito, que, na Argentina, só é permitido em caso de estupro ou de perigo de morte para a mulher. A legalização do aborto foi aprovada em 13 de junho pela Câmara de Deputados, mas em 8 de agosto o voto conservador no Senado se impôs.
"Ao forno o patriarcado!" é o nome da feira gastronômica para a qual as participantes reunidas no Autódromo de Trelew são chamadas. Já a feira de artesanato leva o nome de Evelyn, em homenagem a uma artesã assassinada por seu ex-parceiro com 20 facadas em 14 de junho.
Um total de 200 feminicídios ocorreram na Argentina de 1º de janeiro a 25 de setembro, um a cada 32 horas. Um dos que mais impacta este encontro é o de Patricia Parra, uma trabalhadora de 56 anos assassinada horas antes de viajar para Trelew, supostamente por seu ex-parceiro, a quem havia denunciado por violência de gênero.