O furacão Florence atingiu, nesta sexta-feira (14), com força a costa atlântica dos Estados Unidos, causando grandes inundações, deixando centenas de pessoas presas e fazendo suas primeiras vítimas fatais, segundo a polícia de Wilmington, na Carolina do Norte.
"Uma mulher e seu bebê morreram quando uma árvore caiu sobre a sua casa. O pai ficou ferido" e está hospitalizado, escreveu a polícia em sua conta no Twitter.
Uma porta-voz do condado de Pender, também na Carolina do Norte, disse que outra mulher morreu por um problema de saúde não especificado, depois de ligar para os serviços de emergência, que não puderam ir por conta de árvores caídas que bloqueavam o caminho.
Segundo a imprensa local, a mulher sofreu um ataque cardíaco.
"As ondas e as rajadas de vento continuam, com inundações catastróficas esperadas em partes da Carolina do Norte e do Sul", indicou o Centro Nacional de Furacões (NHC) em seu boletim das 15h00 GMT.
Apesar de ter caído para a categoria 1 na escala de 5 de Saffir-Simpson, que mede a intensidade dos ventos, Florence continua sendo muito perigoso, declarou o NHC.
"Isso não é o final", advertiu Jeff Byard, da Agência Federal para o Manejo de Emergências (FEMA, em inglês) após o Florence tocar terra às 07h15 (08h15 de Brasília) em Wrightsville Beach, na Carolina do Norte.
"Uma ameaça importante persistirá durante as próximas 24 a 36 horas", assinalou.
Segundo as previsões, Florence se moverá lentamente, mas levará muito chuva para Carolina do Norte e do Sul, até um metro em alguns lugares.
"A tempestade está causando estragos", disse o governador da Carolina do Norte, Roy Cooper, ao assinalar que meio milhão de pessoas estão sem energia elétrica no estado, que tem 10 milhões de habitantes, e que o nível dos ros "aumentará durante dias".
Donald Trump viajará para as áreas atingidas pelo furacão Florence na próxima semana, informou a Casa Branca nesta sexta-feira.
"O presidente deve viajar para áreas afetadas pela tempestade no início da semana que vem, quando for determinado que sua viagem não atrapalhará os esforços de resgate ou recuperação", disse Sarah Sanders, porta-voz da Casa Branca.
- Com água no ombro -
"Enfrentamos muitas ameaças. Estamos profundamente preocupados por comunidades inteiras que podem ser varridas", acrescentou.
Centenas de operações de resgate já foram realizadas.
"VAMOS BUSCÁ-LOS. Pode ser que precisem subir ao segundo andar, ou para a cobertura, mas VAMOS CHEGAR", tuitaram as autoridades em New Bern, na Carolina do Norte, onde o rio Neuse subiu três metros e ao menos 150 pessoas aguardavam resgate.
"Em poucos segundos a água chegou à cintura, agora está na altura do ombro", contou à CNN Peggy Perry, refugiada com três membros de sua família na parte mais alta de casa.
Mais de 60 pessoas hospedadas em um hotel em Jacksonville, na Carolina do Norte, tiveram que ser resgatadas depois que uma parte do teto caiu.
- 'Seja o que Deus quiser' -
Em Wilmington, perto de onde o furacão tocou terra, várias estrondos foram sentidos de manhã, possivelmente pela explosão de transformadores. A força do vento quebrou janelas e arrancou árvores, e muitas ruas permaneciam bloqueaadas por troncos e galhos.
"Ouvimos muitas coisas que quebravam, as árvores tremiam", contou à AFP Shane Wilson. "Mas eu não estava muito preocupado. Seja o que Deus quiser".
Mason Tarr disse que passou a noite na casa de um amigo, mas não dormiu bem. "E é apenas um furacão de categoria 1", disse Tarr. "Me pergunto como teria sido com um categoria 4 ou 5".
Mais de 100 km ao sul, o famoso balneário de Myrtle Beach, na Carolina do Sul, era uma cidade fantasma. A força do furacão começou a ser sentida ao meio-dia, quando uma cortina de chuva caiu sobre o oceano acompanhada de raios.
"É assustador, mas é lindo", afirmou à AFP Scott Brauer, um aposentado de 71 anos que estava caminhando perto do mar pouco antes da chegada da tempestade. "A natureza é muito divertida de ver porque é poderosa".
Os ventos fortes forçaram a suspensão das operações de resgate nessa área.
- Danos e cortes de energia -
Byard disse que algumas áreas inundadas são muito perigosas, inclusive, para a entrada de equipes de resgate, lamentando que algumas pessoas não tenham cumprido a ordem de evacuação.
Cerca de 1,7 milhão de pessoas foram solicitadas a deixar as áreas de risco e se refugiar, a maioria desde terça-feira.
Cinco estados costeiros, Carolina do Norte, Carolina do Sul, Geórgia, Maryland e Virgínia, assim como a capital federal Washington DC, foram declarados em estado de emergência.
"As inundações terra adentro podem ser letais e ocorrerão", disse o diretor da FEMA, Brock Long.
"Haverá danos à infraestrutura e cortes de energia que podem durar dias, e até semanas", alertou.
Florence avançava com ventos máximos sustentados de 130 km/h, movendo-se na direção oeste-sudoeste.
Espera-se que entre sexta e sábado o olho da tempestade continue rumo ao interior das Carolinas para depois seguir para o norte, em direção às montanhas dos Apalaches no início da próxima semana.
* AFP