A Comissão de Justiça do Senado americano vota nesta sexta-feira se recomenda a indicação do juiz Brett Kavanaugh para a Suprema Corte dos Estados Unidos após uma audiência dramática em que o juiz negou veementemente as acusações de agressão sexual relatadas em detalhes por uma de suas supostas vítimas.
O presidente Donald Trump manteve seu total apoio a Kavanaugh desde o término das audiências, uma maratona de depoimentos e interrogatórios transmitidos ao vivo pela televisão, na qual Christine Blasey Ford, 51 anos, acusou o juiz de ter tentado estuprá-la.
Ele se defendeu indignado e afirmou ser inocente. O juiz também se declarou ultrajado e garantiu queu não retirará sua candidatura.
"Eu não vou me deixar intimidar e renunciar a este processo", disse o juiz em uma declaração à Comissão Judicial do Senado.
"Minha família e meu nome foram destruído de forma total e permanente por essas acusações falsas e sem sentido", declarou o juiz conservador em um depoimento no qual tentava se segurar para não chorar.
Diante da mesma comissão que o interrogou, Blasey Ford assegurou que Kavanaugh tentou estuprá-la em uma festa de estudantes.
"Eu achei que ele ia me estuprar", disse, enumerando os detalhes daquela noite em uma declaração já preparada e lida enquanto tentava conter as lágrimas.
Ao ser questionada sobre como poderia ter tanta certeza de que o juiz foi o agressor, respondeu sem hesitar: "Do mesmo jeito que tenho certeza de que estou falando com o senhor agora".
O depoimento da mulher, com duração de quatro horas e transmitido ao vivo pela televisão, foi, inclusive, acompanhado pelo presidente, no Air Force One, em sua volta a Washington de Nova York, segundo a porta-voz Sarah Sanders.
Desde que Blasey Ford contou a sua experiência, outras duas mulheres a acompanharam em denúncias semelhantes.
Trump reiterou o seu apoio a Kavanaugh: "O juiz Kavanaugh mostrou aos Estados Unidos exatamente o porquê eu o indiquei. Seu depoimento foi potente, honesto e cativante", declarou no Twitter.
No final do dia, o líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, anunciou que a Comissão de Justiça, que conta com 11 republicanos e 10 democratas, votaria a recomendação de Trump nesta sexta-feira.
Se passar pela Comissão, a indicação de Kavanaugh será votada no plenário do Senado, onde os republicanos têm uma maioria mínima: 50 a 49.
Há duas semanas, Kavanaugh parecia prestes a ganhar sua aprovação do Senado para entrar na Suprema Corte, uma jurisdição que trata de questões fundamentais da sociedade, como direito ao aborto, porte e posse de armas de fogo e direitos das minorias.
Para Trump, colocar um juiz conservador em um cargo vitalício na alta corte selaria seu objetivo de deixar em minoria os juízes progressistas, ou moderados, durante anos.
* AFP