A morte de um mergulhador e ex-membro da marinha tailandesa, nesta sexta-feira (6), ao tentar retornar de uma missão de auxílio aos meninos presos em uma caverna, mostra a dificuldade de um resgate sem colocar em perigo a vida dos garotos e de seu treinador de futebol. O grupo está encurrralado há 13 dias na caverna de Thuam Lang.
O pessimismo aumentou entre as autoridades tailandesas, depois da alegria provocada pela descoberta, na segunda-feira, de que os jovens estavam vivos. A Marinha tailandesa insinuou que possivelmente as equipes de emergência não terão outra alternativa a não ser tentar um resgate complexo e perigoso. A janela de tempo para retirar os jovens da caverna é "limitada", admitiram as autoridades.
– A princípio, pensávamos que as crianças poderiam ficar durante muito tempo. Mas a situação mudou, e agora nos resta um tempo limitado – declarou o comandante da Marinha, Apakorn Yookongkaew, um dos coordenadores do resgate.
Yookongkaew também explicou que cilindros de oxigênio foram espalhados ao longo da caverna para tentar abastecer as crianças e seus acompanhantes, incluindo o treinador do time de futebol. Mas ele não citou uma tentativa de resgate nesta sexta-feira, quando a meteorologia prevê o retorno das chuvas de monção nesta região montanhosa da Tailândia. A informação foi divulgada poucas horas depois da morte do mergulhador tailandês.
– Após ter entregue uma reserva de oxigênio, ficou sem ar em seu retorno – declarou o vice-governador da província de Chiang Rai, Passakorn Boonyaluck.
– Apesar de termos perdido um homem, seguimos com fé em nossa missão – declarou Yookongkaew com a voz embargada.
A tragédia recorda a dificuldade do caminho que precisa ser percorrido, debaixo d'água, para chegar aos 12 meninos e seu treinador, bloqueados na caverna inundada. As equipes de emergência tentavam avançar o máximo em seus preparativos de resgate, antes do retorno da chuva.
Os socorristas esperam conseguir, com a ajuda de máquinas, reduzir o nível da água de modo suficiente para que os meninos consigam sair da caverna sem a necessidade de mergulhar, ou com mergulhos apenas em pontos específicos.
Um vídeo feito por socorristas mostra como está o grupo:
Trajeto de 11 horas sair e voltar
No momento, um mergulhador experiente precisa de 11 horas para fazer uma viagem de ida e volta até o local em que estão os jovens: seis de ida e cinco para volta, graças à ajuda da corrente. O trajeto tem vários quilômetros e inclui passagens estreitas e trechos sob a água.
Mas os socorristas evitam se pronunciar a favor de um resgate dos meninos através do mergulho.
– Seguimos considerando várias opções – declarou o general Chalongchai Caiyakam.
No momento, os socorristas dizem que preferem esperar a água baixar e manter o grupo na caverna até que possa ser retirado caminhando, com uma parte mínima de trechos submersos, que seriam percorridos com máscaras.
Esta é a opção privilegiada pelas autoridades, que instalaram um amplo sistema de bombeamento da água, com a ajuda de engenheiros japoneses, e já retiraram da caverna um volume equivalente a mais de 50 piscinas olímpicas.
As autoridades querem evitar um plano de emergência que inclua uma saída precipitada. A morte do mergulhador foi um duro golpe para a moral dos socorristas, incluindo vários estrangeiros.
Mas se chuva prevista para as próximas horas provocar o aumento do nível da água, talvez não reste outra alternativa.
As tempestades de monção provocaram o bloqueio dos meninos na caverna no dia 23 de junho, quando o grupo decidiu, por um motivo que ainda não está claro, entrar no local depois do treino de futebol.
Ao mesmo tempo, a equipe de resgate procura uma via de entrada a partir do topo da montanha que esteja conectada, ou que seja fácil de conectar com um trabalho de perfuração à parte da caverna em que estão as crianças.