Centenas de membros dos Capacetes Brancos, uma organização de socorristas em zonas rebeldes sírias, foram evacuados para a Jordânia via Israel.
Segundo a rádio militar israelense, que anunciou a evacuação, trata-se de um grupo de 800 pessoas que inclui os Capacetes Brancos e seus familiares.
Entretanto, no final do dia, o Ministério das Relações Exteriores jordaniano informou que somente 422 haviam chegado ao seu território, onde poderão permanecer por até três meses.
Depois eles serão acolhidos por Reino Unido, Alemanha e Canadá, impulsionadores dessa operação realizada em sigilo.
Os Capacetes Brancos são uma organização conhecida por suas operações de resgate na Síria, onde a guerra deixou mais de 350.000 mortos desde 2011.
Com seu trabalho voluntário, se tornaram famosos graças aos vídeos compartilhados em redes sociais nos quais aparecem resgatando sobreviventes, especialmente crianças, em lugares devastados por bombardeios, sempre equipados com seus emblemáticos capacetes brancos.
"Por causa do risco que suas vidas correm, a Jordânia aceitou recebê-los por razões puramente humanitárias", afirmou, em um comunicado, o porta-voz da chancelaria jordaniana, Mohamed al Kayed
Uma fonte governamental canadense informou posteriormente que um segundo grupo "não conseguiu chegar à fronteira devido à situação no terreno" durante o período em que a fronteira israelense esteve aberta.
Segundo a mesma fonte, o grupo permanece na Síria e não está garantido que possa ser realizada uma nova operação de evacuação, já que a situação sobre o terreno é "precária".
- "Razões humanitárias" -
O chefe dos Capacetes Brancos, Raed Saleh, confirmou à AFP que um certo número de voluntários foram evacuados por razões humanitárias, já que se encontravam cercados em uma região do sul da Síria e agora se encontra na Jordânia.
O exército israelense confirmou a evacuação dos Capacetes brancos para um país vizinho e recordou que esta ação não muda sua política de de não acolher refugiados sírios em seu território.
"Essas pessoas salvaram vidas e as suas (vidas) estavam agora em perigo, por isso aceitei levá-los a um país terceiro via Israel", declarou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
"Nos alegramos de que esses valientes voluntários, que salvaram milhares de vidas, estejam agora fora de perigo", comentou o Departamento de Estado americano, que felicitou Israel, Jordânia, Alemanha, Canadá e Reino Unido por seu papel nesta operação.
Moscou e Damasco acusam os socorristas da organização de estarem vinculados a grupos extremistas.
Depois de sua ofensiva militar iniciada em 19 de junho, o exército controla 90% da província de Quneitra, próxima à fronteira com Jordânia das Colinas de Golã, além de 80% do território da região de Deraa, segundo o Observatóro Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
Os integrantes desta organização ficaram presos nas províncias de Quneitra e Deraa, no sul do país, explicou, e se encontravam em perigo pelas reiteradas ameaças da Rússia e do regime sírio.
O chefe da diplomacia britânica, Jeremy Hunt, e o ministro do Desenvolvimento Internacional, Penny Mordaunt, asseguraram que os Capacetes Brancos foram alvo de ataques.
"Consideramos que os voluntários precisavam de proteção imediata", explicaram em um comunicado conjunto.
Em Berlim, uma fonte diplomática alemã confirmou à AFP que a "Alemanha participará junto a outros sócios internacionais da acolhida dos Capacetes Brancos".
"O Canadá, em estreita colaboração com o Reino Unido e a Alemanha, faz um esforço em nível internacional para garantir a segurança dos Capacetes Brancos e suas famílias", declarou, por sua parte, a chanceler canadense.
* AFP