Ao menos oito pessoas morreram neste sábado (16) durante ataques de homens armados em Manágua, em meio a onda de protestos contra o presidente Daniel Ortega — que eleva o número de óbitos a 178 em dois meses na Nicarágua.
Seis dos oito mortos eram membros de uma família cuja casa foi incendiada por um coquetel molotov lançado por homens armados. Os outros dois morreram quando removiam barricadas em uma estrada, informou a polícia.
O incêndio na casa de três andares ocorreu na manhã deste sábado (16), segundo familiares das vítimas. Duas pessoas sobreviveram se atirando de uma varanda — uma mulher em estado grave e um menino com queimaduras.
De acordo com testemunhas, ao menos 20 homens armados com fuzis e com os rostos cobertos chegaram na manhã de sábado ao bairro Carlos Marx e atacaram a casa. Tudo indica que o ataque foi uma represália, porque a dona da casa não autorizou que francoatiradores entrassem no imóvel para se posicionar na cobertura.
Vizinhos que tentaram socorrer as vítimas foram impedidos pelos homens armados, que efetuaram disparos. Segundo a polícia, dois funcionários da prefeitura de Manágua foram atacados e morreram quando removiam barricadas em uma estrada.
O ataque à casa, que chocou a população, foi tratado neste sábado na mesa de diálogo entre governo e oposição. Os bispos condenaram as mortes, enquanto a oposição acusou o governo de não controlar os paramilitares e grupos de choque.
O chanceler Denis Moncada negou a responsabilidade do governo e acusou os manifestantes contrários a Ortega.
O Centro Nicaraguense dos Direitos Humanos (CENIDH) manifestou sua "mais enérgica condenação pelo massacre perpetrado pelas forças paramilitares em cumplicidade com a Polícia".
"Este crime revela uma escalada da brutal repressão do regime de Daniel Ortega e Rosario Murillo com o trágico resultado de mais de 178 assassinados até esta data", declarou a ONG.
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, condenou no Twitter "este ato de terror e crime contra a humanidade que não pode ficar impune".
A relatora especial para a Nicarágua da Comissão de Direitos Humanos (CIDH), Antonia Urrejola, reagiu com "espanto e tristeza" pela morte de crianças "queimadas vivas".