A justiça militar ordenou nesta terça-feira (22) o encarceramento de onze oficiais da Força Armada venezuelana, acusados de planejar ações desestabilizadoras contra o presidente reeleito Nicolás Maduro, informou a organização não governamental de direitos humanos Fórum Penal.
"Pelo menos onze funcionários das Forças Armadas, da Marinha e da Aeronáutica, foram detidos (...). Foi-lhes imputado o delito de motim, instigação ao motim, delitos contra o decoro militar, e traição à pátria", disse à AFP a advogada María Torres, do Fórum Penal.
Tratam-se de nove tenentes de fragata e de navio e de dois capitães, que foram detidos entre na quinta e na sexta-feira passadas e nesta quarta foram apresentados a uma corte castrense.
O Fórum Penal assumiu a defesa de dois deles, cuja identidade foi reservada.
"Um grupo foi detido enquanto fazia um curso na BAE (Brigada de Ações Especiais) em Caracas e o outro em Turiamo (em uma base naval no estado Aragua, norte)", indicou Torres.
Os militares, informou o representante do Fórum Penal, são acusados de organizar planos desestabilizadores contra o governo de Maduro.
O delito mais grave pelo o que são acusados é traição à pátria, cuja condenação - segundo as leis venezuelanas- pode chegar a até 30 anos de prisão.
Os militares, todos das forças de ações especiais, foram reclusos na prisão militar de Ramo Verde, nos arredores de Caracas.
"O tribunal não nos permitiu assisti-los (como defensores) na audiência de apresentação. A audiência foi realizada com um defensor público que nos próximos dias pediremos para revogar", disse a advogada.
Alfredo Romero, diretor do Fórum Penal, informou que nos últimos dias houve 25 detenções "com fins políticos". Torres informou que nessa conta estão incluídos os onze militares.
Vários dos civis foram presos "em manifestações, alguns em Caracas, outros em Portuguesa e em Lara", acrescentou a advogada.
Além dessas detenções, desde 2003 foram presos 92 militares acusados de conspiração (34 deles em 2018), segundo a ONG Justiça Venezuelana. Em março, Maduro expulsou 24 oficiais, a maioria presos ou exilados.
* AFP