Centenas de habitantes do Havaí deixaram suas casas nesta sexta-feira (4), após a erupção do vulcão Kilauea no dia anterior, que causou fluxos de lava, nuvens de cinzas rosadas e emanações tóxicas.
A proximidade das casas aos pés do vulcão gerou uma forte mobilização das autoridades locais, sob a direção do governador do Havaí, David Ige, que decretou estado de emergência, a fim de poder mobilizar todos os serviços e fundos de urgência do Estado vinculados a catástrofes naturais.
Imagens de meios de comunicação locais mostravam correntes de lava que passavam pelas florestas, enquanto a agência de Proteção Civil do arquipélago informava sobre "emissões de vapor e lava de uma fenda na subdivisão Leilani, na área de Mohala Street", seguidas de explosões, e ordenava todos os moradores a deixarem a área afetada. Até o momento, não foram reportadas vítimas.
Cerca de 700 imóveis e 1,7 mil pessoas estão sujeitos a evacuações obrigatórias, indicou Cindy McMillan, porta-voz de Ige.
O governador mobilizou as tropas da Guarda Nacional no arquipélago e pediu aos habitantes que prestem atenção às advertências da Defesa Civil.
"Por favor, fiquem alertas e preparados para manter suas famílias a salvo", tuitou Ige.
Autoridades do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), da unidade do Observatório Vulcanológico, vigiavam e avaliavam por meios terrestres e aéreos a magnitude da erupção, que começou na quinta-feira (3) por volta das 16h45min locais (21h45min de Brasília) após os tremores registrados nos últimos dias.
Um funcionário acrescentou que cerca de 10 mil pessoas habitam a região.
Novas fendas
Às 10h30min, foi registrado um terremoto de magnitude 5 ao sul do cone vulcânico Puu Oo, gerando desprendimentos e potencial desabamento dentro da cratera do vulcão, segundo o USGC.
Foi o mais importante de cem terremotos menores, de magnitude 2, registrados desde segunda-feira (30).
Uma grande crista de cinzas de cor rosada se elevava pela zona, e as autoridades advertiram de uma subsequente "inundação de lava", incêndios, fumaça e novos terremotos.
O USGS elevou o nível de alerta de "vigilância" para "advertência" sobre o vulcão, informando que foram detectadas "novas grandes fendas" nas ladeiras dele.
As autoridades indicaram que o perigo ligado às erupções em curso inclui "possíveis concentrações de gás de dióxido de enxofre" na região, assim como explosões de metano, que poderiam lançar rochas e dejetos em áreas adjacentes.
"Vapor quente branco e fumaça azul emanaram de uma área de ruptura na parte leste da subdivisão", relatou a agência, indicando que esse fenômeno começou antes das 17h locais.
O serviço geológico frisou que esse estágio inicial das erupções por fissuras é "dinâmico" e podem produzir "fendas adicionais e novas emanações de lava".
"Neste momento, não é possível apontar onde" haverá novas fendas, acrescentou o informe.
Os terremotos, alguns mais leves, desde segunda-feira colocam à prova a ansiedade dos moradores da ilha.
— Isso nos desperta — disse Carol Shepard à emissora KHON. — É como se toda a casa tremesse — completou.
Usando um drone, um outro morador, Jeremiah Osuna, fez imagens de vídeo da coluna de lava vermelha, o que ele descreveu como "uma cortina de fogo".
— Me preocupei bastante e me dei conta de até que ponto (...) é perigoso viver" perto do vulcão — admitiu.
Os cientistas observam essa "intrusão de magma" na região desde segunda-feira, antecipando uma possível erupção, explicou Janet Babb, geóloga do Observatório Vulcanológico do Havaí. Provavelmente, haverá novas erupções, advertiu.
Com frequência chamado de Grande Ilha, o Havaí é a maior das oito principais que compõem esse Estado americano do Pacífico, um arquipélago de 137 ilhas.