Tammie Jo Shults foi identificada como a piloto do voo 1380 da Southwest que, na terça-feira (17), se dirigia de Nova York a Dallas quando a turbina esquerda do avião 737 explodiu em pleno voo, matando uma mulher de 43 anos, cerca de 30 minutos após a decolagem. A ação da piloto salvou outras 148 vidas.
Tammie, de 56 anos, residente do Texas e mãe de dois filhos, foi uma das primeiras mulheres a pilotar caças na Marinha americana nos anos 1980, e também uma das primeiras a pilotar o caça F-18 Hornet.
A piloto manteve a calma em uma conversa com o operador da torre de controle da Filadélfia, minutos antes da aterrissagem de emergência.
— A piloto Tammy Jo foi incrível! Nos fez aterrissar sãos e salvos na Filadélfia — escreveu no Instagram Amanda Bourman, uma passageira que viajava com o marido.
— Esta é uma verdadeira heroína americana — escreveu outra passageira, Diana McBride, no Facebook, que elogiou "o conhecimento e valentia" da piloto e contou que após o pouso, destacando que Tammie "veio falar com cada um de nós pessoalmente".
Usuários das redes sociais comparam Shults com o capitão Chesley "Sully" Sullenberger, o piloto do voo da US Airways que aterrissou no rio Hudson em frente a Manhattan em 2009, após um acidente causado por um pássaro, salvando todos os passageiros e tripulantes. Sua façanha foi contada em um filme indicado ao Oscar, Sully (2016), na qual o piloto é interpretado por Tom Hanks.
Nervos de aço
— Southwest 1380, temos uma só turbina. Perdemos parte da aeronave, de modo que precisaremos desacelerar um pouco — disse a piloto com voz calma ao operador da torre de controle da Filadélfia, pouco antes da aterrissagem, conforme o diálogo divulgado pelo canal CBS.
— Os médicos podem nos esperar na pista também? Temos passageiros feridos —acrescenta.
—O avião está fisicamente em chamas? — pergunta o operador.
— Não, não está em chamas, mas está faltando uma parte. Disseram que há um buraco e alguém saiu — responde Tammie com voz calma.
Todos diziam a Tammie que ela não poderia ser piloto por ser mulher. A Força Aérea inclusive lhe negou a autorização para passar no exame de aviação, mas a Marinha a aceitou. Lá ela cresceu como piloto e chegou a aterrissar caças em porta-aviões a 240 km/h.
Eventualmente, se tornou instrutora. Embora não lhe permitissem voar em combate porque era mulher, voava como um piloto agressivo, segundo um fórum de aviação militar que a descreve.
Tammie deixou a Marinha em 1993, e desde então ela e seu marido Dean residem na área de San Antonio, no Texas, e trabalham como pilotos da Southwest.
A mulher que faleceu, de 43 anos, foi identificada por seu empregador como Jennifer Riordan, de Albuquerque, uma mãe de dois filhos que era vice-presidente de uma sucursal do banco Wells Fargo no Novo México.
Ela estava sentada ao lado de uma janela que explodiu ao receber estilhaços da turbina, foi sugada para o exterior mas, em meio aos gritos e máscaras de oxigênio que caíam, dois passageiros conseguiram segurá-la e colocá-la novamente dentro da aeronave. Jennifer estava gravemente ferida e morreu antes de ser levada ao hospital. Outras sete pessoas tiveram ferimentos leves.
Ainda não se sabe a causa da explosão da turbina, fabricada pela CFM, um joint venture entre a americana General Electric e a francesa Safran.
Robert Sumwalt, chefe da NTSB, organismo federal de segurança dos transportes, admitiu que o incidente se assemelha a outro com uma turbina igual (CFM-56) ocorrido com um B-737 da Southwest em agosto de 2016, que pousou na Flórida sem vítimas.
Sumwalt revelou que a primeira inspeção da turbina mostra que uma pá desapareceu, e falou em "fadiga do metal". A Southwest anunciou inspeções adicionais nas turbinas CFM-56 por precaução.
Este foi o primeiro acidente fatal em um avião de passageiros americano desde 2009, quando o voo 3407 da companhia regional Colgan Air caiu no estado de Nova York, com um saldo de 49 mortos a bordo e um morto em terra.