A seguir, o perfil dos candidatos nas eleições presidenciais do Paraguai, que acontecem neste domingo.
- Mario Abdo Benítez -
Marcado por ser de uma família muito próxima do ex-ditador Alfredo Stroessner, o candidato do partido governista à presidência do Paraguai, Mario Abdo Benitez, do partido Colorado, se esforça para provar suas credenciais democráticas e republicanas.
Com 46 anos, graduado em marketing nos Estados Unidos, "Marito", como é popularmente conhecido, é favorito segundo as pesquisas, com até 20 pontos de vantagem sobre o candidato liberal Efraín Alegre, da coalizão de centro-esquerda Alianza Ganar.
Seu pai foi secretário particular de Stroessner. Entre eles havia um parentesco por parte das avós.
"Eu lamento a parte negra da nossa história, mas, como muitos paraguaios, acho que não deve ser uma desculpa para manter uma divisão entre compatriotas. Eu tinha 16 anos quando Stroessner caiu", afirma.
Mas esse passado foi deixado de fora de sua carreira política e da campanha eleitoral.
"Quem tem menos de 40 anos não se lembra da ditadura. E é por isso que não está na discussão desta campanha", afirma o analista político Francisco Capli à AFP.
Divorciado de Fátima María Díaz Benza, com quem teve dois filhos, Abdo se casou novamente com Silvana López Moreira Bo, filha de uma família da alta sociedade de Assunção.
Tem apenas uma irmã e sete meio-irmãos.
Afirma ter construído uma identidade própria, apesar de sua origem, tendo sido criado como um pequeno príncipe. Seu pai foi processado por enriquecimento ilícito. Foi um dos primeiros prisioneiros da democracia que se instalou após a queda de Stroessner, mas finalmente foi absolvido.
Juntou-se à militância política dentro do movimento Paz e Progresso, o lema do governo da ditadura.
Em 2013, foi eleito senador e depois presidente do Congresso em 2015, ano que marcou o ponto de virada e o ponto de ruptura de suas relações com o presidente Cartes.
Na crise de março de 2017, os opositores reagiram com violência e incendiaram uma parte do Congresso em protesto contra a pretensão do presidente Cartes de aprovar uma emenda que o qualificaria para a reeleição.
"Eu estava na praça, defendi nosso sistema republicano", diz ele com convicção.
"Gostaria de poder mostrar às pessoas que sou Marito do século 21. Quero mostrar que meu compromisso é com o futuro do Paraguai", observa.
- Efraín Alegre -
Advogado e militante do partido Liberal desde muito jovem, o candidato da oposição à presidência do Paraguai, Efraín Alegre, 55 anos, deseja romper a hegemonia do Partido Colorado graças a uma coalizão de centro-esquerda nas eleições de domingo.
Católico praticante, contrário ao aborto e ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, em contradição com vários partidos que o apoiam na Aliança Ganhar, Efraín Alegre disputa a eleição pela segunda vez em cinco anos.
Em 2013 ele foi derrotado pelo atual presidente, o empresário milionário Horacio Cartes, em uma disputa na qual seu partido não estabeleceu alianças.
Filho de um latifundiário e comerciante do departamento de Misiones (sudeste do Paraguai), Alegre é o oitavo de 12 irmãos. Tem quatro filhos e é casado com Mirian Irún há 26 anos.
Entrou para a política no início da redemocratização, ao final da ditadura do general Alfredo Stroessner (1954-89), contra a qual Alegre lutou em sua juventude.
"Para mim, estudar Direito significava uma rebeldia juvenil e me pareceu que era um instrumento importante para lutar contra a ditadura", afirmou o candidato opositor à AFP.
Ele explica desta maneira sua pouca dedicação à profissão de advogado, para concentrar suas atividades na política, com 15 anos como parlamentar.
Ele é irônico ao comentar que no ano passado se casou pela segunda vez. "Na realidade, reafirmei meu compromisso matrimonial", afirma, ao comentar a celebração das Bodas de Prata.
Alegre também destaca suas habilidades na cozinha quando o assunto é carne e pescado.
Efraín Alegre propõe reduzir ao mínimo as tarifas de energia elétrica e a oferta de saúde gratuita para os necessitados, o que levou o candidato da situação, Mario Abdo Benítez, de 46 anos, a chamá-lo de populista.
* AFP