Sacudida por revelações de assédio sexual, a Academia Sueca, que concede todo ano o Prêmio Nobel de Literatura, destituiu seu secretária permanente, a sueca Sara Danius, anunciou nesta quinta-feira (12) a instituição.
"A Academia quer que eu deixe meu cargo de secretária permanente", anunciou Sara Danius ao fim de uma reunião da instituição.
"Decidi também deixar meu assento, a de número 7. Esta decisão é imediatamente efetiva", acrescentou, dizendo que teria gostado de "continuar" na Academia.
A onda de denúncias generalizadas que vieram à tona com o movimento #metoo permitiu em novembro a revelação de relações estreita entre a Academia e "uma personalidade do mundo da cultura" de nacionalidade francesa acusada de estupros e agressões sexuais por acadêmicas, esposas de acadêmicos, suas filhas e outras mulheres.
Em novembro passado, o jornal Dagens Nyheter publicou os testemunhos de 18 mulheres que afirmavam ter sofrido violência ou assédio por parte dessa pessoa, marido de uma acadêmica sueca, a poetisa e dramaturga Katarina Frostenson.
A academia rompeu suas relações com o francês e pôs fim aos subsídios ao local de exposições que dirige em Estocolmo, frequentado pelas elites culturais.
Iniciou ainda uma investigação interna e contratou um escritório de advogados. Ainda não se sabem das conclusões. Os acadêmicos estão sujeitos a um estrito dever de reserva.
Essas medidas não impediram que a Academia entrasse em uma grave crise, que levou no dia 6 de abril à renúncia de três acadêmicos, contrários à decisão do organismo de reafirmar sua confiança em Katarina Frostenson, que finalmente também renunciou nesta quinta-feira.
Sara Danius, professora de literatura na Universidade de Estocolmo, secretária permanente desde 2015, era a primeira mulher a chegar a um cargo com essa responsabilidade.
* AFP