O exército russo anunciou nesta sexta-feira que chegou a um acordo com os grupos armados em Duma para que abandonem esta cidade da província síria de Ghuta Oriental, o que significaria a queda do reduto insurgente, mas os rebeldes do grupo Jaish al-Islam negaram a informação.
Ao mesmo tempo, pelo sétimo dia consecutivo, centenas de rebeldes se preparavam para deixar o penúltimo setor de Ghuta, Arbin, como parte de um acordo mediado por Moscou.
Graças ao apoio militar da Rússia, o regime sírio de Bashar al-Assad reconquistou mais de 90% do território do reduto insurgentes nas proximidades de Damasco.
Depois de uma ofensiva de cinco semanas, que matou mais de 1.600 civis, os grupos rebeldes começaram a abandonar suas posições e seguem para a província de Idlib (noroeste), em sua maior parte sob controle insurgente.
Nesta sexta-feira, o general russo Serguei Rudskoi anunciou um acordo com os rebeldes sírios para que deixem a área de Duma, que também é alvo de uma ofensiva do regime de Bashar al-Assad.
"Um acordo foi alcançado com os líderes dos grupos armados ilegais para a saída dos rebeldes e seus parentes da cidade de Duma em um futuro próximo", declarou o general Rudskoi em entrevista coletiva.
O general russo não especificou quais grupos estavam incluídos no acordo.
Un acordo como este significaria a queda de Ghuta e a maior derrota para os rebeldes sírios, mas a informação foi desmentida pelo grupo Jaish al-Islam.
Duma é o último reduto insurgente em Ghuta Oriental, nas proximidades da capital Damasco.
"Ainda não chegamos a um acordo", afirmou à AFP o porta-voz do grupo, Hamza Bayraqdar.
"Nos negamos categoricamente a sair. É um fator imprescindível nas negociações", completou.
Duma é controlada pelo Jaish al-Islam, grupo que continua determinado a permanecer nesta cidade onde vivem cerca de 200.000 civis.
Sem avanços nas negociações, o regime sírio, com o apoio da Rússia, ameaça retomar os combates para expulsar o grupo de Duma, a principal cidade do conjunto das antigas áreas rebeldes de Ghuta.
As discussões esbarram especialmente no pedido do Jaish al-Islam de permanecer em troca do desarmamento e do deslocamento da polícia militar russa, mas sem a entrada do exército sírio na cidade.
Moscou não deseja negociar um acordo diferente aos anteriores. Estabelece que os habitantes podem ficar na localidade como parte de um acordo de "reconciliação", enquanto os combatentes e aqueles que desejarem são levados para o nordeste do país.
Ao mesmo tempo, centenas de combatentes e civis embarcavam nesta sexta-feira nos ônibus que devem retirá-los de Ghuta Oriental, área nas proximidades de Damasco que já foi um bastião rebelde, pelo sétimo dia consecutivo, informou a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
Em uma semana, 31.890 pessoas - entre combatentes, familiares e outros civis - abandonaram este território que era controlado há alguns meses pelo grupo islamita Faylaq al-Rahman, de acordo com um balanço da agência oficial síria Sana.
A evacuação teve início em 24 de março, após um acordo entre o grupo insurgente e a Rússia, país aliado do regime sírio.
* AFP