Malala Yousafzai, vencedora do Nobel da Paz em 2014 e ativista dos direitos das mulheres, retornou, nesta quinta-feira (29), ao Paquistão. Esta foi a primeira visita dela ao país natal desde que sobreviveu a um ataque talibã, em 2012.
— Estou muito feliz. Ainda não posso acreditar que estou aqui — disse Malala, em um discurso pronunciado na residência do primeiro-ministro, Shahid Khaqan Abbasi, em Islamabad, horas depois de sua chegada, que surpreendeu o país.
— Nos últimos anos, sempre sonhei em poder retornar ao meu país — disse a jovem de 20 anos.
— Estamos realmente felizes de que nossa jovem, que tanto tem feito pelo Paquistão, esteja de volta à casa — afirmou Abbasi. — Todo mundo expressa respeito a você e aqui também é merecedora de um respeito absoluto — completou.
Acompanhada dos pais, Malala foi escoltada do aeroporto internacional Benazir Bhutto, em Islamabad, sob um forte esquema de segurança, segundo fotos exibidas pela TV local.
As autoridades não informaram se a jovem pretende viajar a seu distrito natal de Shangla, ou à cidade de Mingora, local do atentado, ambas no vale de Swat (Noroeste).
A jovem ganhou a inimizade dos círculos islamitas radicais de seu país, que não aceitam a emancipação das mulheres.
Muitos paquistaneses, no entanto, celebraram sua chegada ao país em mensagens no Twitter.
"Bem-vinda #MalalaYousafzai, a corajosa e resistente filha do Paquistão, de retorno a seu país", escreveu o político Syed Ali Raza Abidi.
Ícone mundial da luta contra o extremismo, Malala afirmou, em janeiro deste ano, que esperava retornar algum dia ao país natal, sonho realizado nesta quinta-feira.
Histórico
Malala iniciou o ativismo em 2007, quando os talibãs aplicavam sua lei no vale de Swat (noroeste do Paquistão), antes uma aprazível região turística ao pé do Himalaia.
Seu pai, diretor de uma escola, teve grande influência sobre a jovem, cuja mãe é analfabeta. Com apenas 11 anos, Malala escrevia em um blog do site da BBC em urdu — língua nacional do Paquistão. Com o pseudônimo de Gul Makai, descrevia o clima de medo na região em que morava.
Em 9 de outubro de 2012, jihadistas do TTP (Movimento Talibã do Paquistão) atacaram o ônibus escolar de Malala e ela foi atingida por um tiro na cabeça. A adolescente foi levada entre a vida e a morte para a Inglaterra, onde se recuperou.
Depois de ser operada e tratar os ferimentos na cidade de Birmingham, na Inglaterra, onde também concluiu os estudos, Malala se tornou ativista do direito à educação para as crianças. Ela entrou para a Universidade de Oxford, onde estuda Economia, Filosofia e Ciências Políticas.