O pequeno arquipélago turístico das Maldivas, no Oceânico Índico, se encontra mergulhado no caos políticos depois da prisão do presidente da Suprema Corte e com a oposição pedindo uma intervenção dos Estados Unidos e da Índia para derrubar o presidente Abdulah Yameen.
O presidente da Suprema Corte, Abdullah Saeed, e outro juiz foram detidos sob acusação de corrupção, cinco dias depois que o tribunal superior desafiou o regime ao suspender as sentenças que pesavam contra nove dos opositores mais proeminentes.
Centenas de manifestantes reunidos diante da sede da Corte foram dispersados com uso de gás lacrimogêneo.
Diante desta situação de instabilidade, vários países, como França, China e Índia, aconselharam seus cidadãos a não realizar viagens turísticas ao arquipélago de 340.000 habitantes, conhecido por suas praias paradisíacas de areias branca e mar turquesa.
O presidente das Maldivas decretou na segunda-feira estado de emergência de 15 dias, depois de ter se negado na semana passada a libertar vários presos políticos, desobedecendo a ordem da justiça.
A decisão incluía a anulação da condenação do ex-presidente Mohamed Nasheed, que vive exilado no Reino Unido.
O ex-presidente e meio-irmão de Abdulah Yameen, Maumoon Abdul Gayoom, foi detido pela polícia e o Parlamento, teoricamente controlado pela oposição, foi suspenso desde sábado.
A instauração do estado de emergência no país reforça os poderes já amplos das forças de segurança para deter suspeitos.
- Intervenção estrangeira -
"O presidente Yameen declarou ilegalmente a lei marcial e se apoderou do Estado. Devemos expulsá-lo do poder. O povo das Maldivas fazem um pedido legítimo aos governos do mundo, incluindo Índia e Estados Unidos", denunciou o ex-presidente exilado em um comunicado.
Nasheed foi condenado em 2015 a 13 anos de prisão por terrorismo, mas, em 2016, conseguiu viajar para a Grã-Bretanha, onde se asilou, graças a uma autorização médica.
No passado, a Índia já interveio militarmente nas Maldivas. Em 1988, mobilizou suas tropas para impedir uma tentativa de golpe de Estado contra Maumoon Abdul Gayoom, 80 anos, governante do país durante 30 anos (1978-2008) e hoje principal opositor.
A oposição também pediu a Washington um bloqueio financeiro contra o regime de Maldivas.
Na quinta-feira passada, a Suprema Corte também ordenou a reintegração de 12 deputados destituídos por ter abandonado o partido de Yameen. Essa decisão permitiria à oposição obter a maioria absoluta no Majlis, o Parlamento, e ter poder para derrubar o presidente.
A decisão judicial também é grande um revés para o presidente Yameen e abriria a possibilidade de seu maior adversário, o ex-presidente Nasheed, voltasse ao país e disputasse com ele nas próximas eleições.
O secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, pediu ao governo das Maldivas que respeite a Constituição e o império da lei levantando o estado de emergência o mais rápido possível, segundo um comunicado.
Já a Anistia Internacional pediu a libertação dos juízes e opositores presos e indicou que "o estado de emergência não pode ser usado para cometer o que parece um expurgo contra a Suprema Corte e a oposição".
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* AFP