Um avião comercial iraniano, que fazia uma rota doméstica, caiu neste domingo (18), em meio a uma tempestade de neve em uma região montanhosa do sudoeste do Irã com 66 pessoas a bordo, e acredita-se que não haja sobreviventes.
Mais de doze horas depois do acidente, a TV estatal anunciou a suspensão, devido à falta de iluminação, das buscas dos destroços do turbo-hélice ATR-72, da empresa Aseman Airlines, e o reinício ao amenhecer, se as condições meteorológicas o permitirem.
"Dadas as circunstâncias especiais da região, ainda não temos acesso ao local do acidente e, portanto, não podemos confirmar de forma precisa e definitiva a morte de todos os ocupantes deste avião", afirmou o porta-voz da companhia Aseman Airlines, Mohamad Tabatabai, à agência de notícias Isna.
Anteriormente, a companhia anunciou que viajavam na aeronave 60 passageiros, entre eles uma criança, e seis membros da tripulação.
O avião havia decolado do aeroporto de Teerã por volta das 8h locais (1h30, em Brasília) rumo à cidade de Yassuj, no sudoeste do país.
A aeronave caiu no monte Dena, nas montanhas de Zagros, a cerca de 500 quilômetros de Teerã e a menos de 25 quilômetros de seu destino, segundo esta fonte.
Cerca de 120 socorristas do Crescente Vermelho iraniano foram enviados à zona do acidente.
- Incredulidade -
O guia supremo iraniano, Ali Khamenei, enviou suas condolências aos familiares das pessoas que estavam a bordo do avião, segundo a televisão pública.
Em Teerã, familiares dos passageiros do voo EP3704 se reuniram em uma mesquita próxima ao aeroporto de Mehrabad.
"Não posso acreditar", lamentava uma mulher, cujo marido viajava a bordo do avião.
Yalal Pooranfar, responsável do serviço nacional de resgate na região do acidente indicou - de acordo com a agência Isna - que um helicóptero que havia sido enviado para localizar os restos da aeronave "teve que dar meia-volta devido à tempestade de neve".
"As circunstâncias do acidente permanecem desconhecidas", disse à AFP em Paris um porta-voz da ATR, filial conjunta do construtor europeu Airbus e do grupo italiano Leonardo.
Segundo a Isna, o presidente iraniano, Hassan Rohani, ordenou ao Ministério dos Transportes criar uma célula de crise para investigar as causas do acidente.
- Salvo por um atraso -
"Deus foi realmente bom comigo, mas meu coração chora pelas pessoas que perderam a vida", disse à agência de imprensa Tabnak um homem que perdeu o voo.
O último acidente grave de um avião civil no Irã remonta a 2014, quando 39 pessoas morreram na queda de uma aeronave Antonov 140, da companhia iraniana Sepahan, pouco depois de decolar do aeroporto de Mehrabad, no sul de Teerã.
Três anos antes, em 2011, um avião civil caiu no norte do país, deixando quase 80 mortos.
As sanções impostas ao Irã durante anos pelos Estados Unidos, pela ONU e pelos países europeus impediram que as autoridades pudessem adquirir aviões ocidentais, ou peças de reposição, para colocar em dia a frota civil do país.
A indústria do transporte aéreo estava submetida a um embargo americano desde 1995, o que tornava impossível que as companhias pudessem comprar aviões civis, ou novas peças. Parte de sua frota ficava, então, imobilizada.
Este embargo foi levantado de forma parcial após o acordo nuclear assinado em 2015 pelo Irã e pelas grandes potências, o chamado P5+1 (Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia, China e Alemanha).
O acordo prevê uma suspensão progressiva das sanções contra Teerã em troca de renunciar ao programa nuclear militar. Esta suspensão das sanções permitirá que as companhias aéreas adquiram novos aparelhos.
* AFP