A chanceler alemã, Angela Merkel, disse estar "otimista", ao entrar, nesta sexta-feira (26), na fase final das negociações para formar "rapidamente" um governo, após meses de conversas difíceis que enfraqueceram sua imagem, tanto na Alemanha quanto no exterior.
"Vamos tentar negociar rapidamente. Acho que as pessoas esperam que nos encaminhemos para a formação de um governo", declarou.
No domingo (21), os social-democratas aceitaram negociar um acordo detalhado para formar uma nova "grande coalizão" com os conservadores de Merkel.
Caso as conversas tenham um final positivo, Merkel poderá iniciar o quarto mandato à frente da maior potência econômica europeia.
Os possíveis sócios esperam terminar essas negociações até 4 de fevereiro - ou, talvez, por mais dois dias além disso, disse hoje uma das lideranças do Partido Democrata-Cristão da chanceler (CDU), Michael Grosse-Brömer, após uma primeira reunião.
Mais cedo, Merkel manifestou seu desejo de concluir as negociações até 11 de fevereiro.
A questão é que as divergências que persistem entre social-democratas e conservadores, assim como as profundas divisões dentro do SPD a respeito da repetição da aliança com o partido da chanceler, podem prolongar os debates.
O presidente do SPD, Martin Schulz, insistiu, nesta sexta, na necessidade de uma eventual coalizão que tenha um programa claramente pró-europeu diante das tendências isolacionistas do americano Donald Trump.
O objetivo deve ser "que a Alemanha seja, novamente, um líder europeu", frisou.
No domingo, os social-democratas do SPD aceitaram negociar um acordo detalhado para formar uma nova "grande coalizão" com os conservadores de Merkel.
Se as conversas chegarem a bons termos, Merkel poderá começar seu quarto mandato à frente da primeira potência econômica europeia.
- Impaciência -
A impaciência começa a ser percebida no país.
"Sentimos que a população na Alemanha espera, agora, mais de quatro meses depois das eleições legislativas, a instauração de um novo governo", declarou esta semana o presidente Frank-Walter Steinmeier.
Marcadas pelo avanço da extrema-direita e pelo retrocesso dos grandes partidos tradicionais, as últimas eleições impediram uma maioria clara na Câmara Baixa do Parlamento e deixaram um país em uma situação de bloqueio inédita.
Merkel, que não conseguiu formar um governo entre conservadores, liberais e ecologistas em novembro, não pode fracassar novamente com os social-democratas.
Obrigada a dirigir um governo "protocolar" desde outubro, a chanceler reconheceu na quarta-feira no Fórum de Davos que a ausência de "Executivo estável" a deixava sem meios de ação.
Ela disse que "um país que deseja contribuir para moldar a globalização deveria poder atuar as 24 horas do dia".
Há poucos meses considerada a governante mais poderosa da Europa - e até do mundo, segundo parte da imprensa americana -, a chanceler perdeu parte de sua aura por culpa de seus problemas domésticos.
Outro presidente ocupa há alguns meses o espaço de Merkel: o francês Emmanuel Macron, de acordo com a revista alemã "Der Spiegel".
"A posição de Merkel (...) pode ter-se enfraquecido na cena internacional", enquanto "Macron se instala cada vez mais no papel do líder europeu", considera "Der Spiegel".
Para o jornal americano "The New York Times", o presidente francês reivindica agora a posição de "líder do mundo livre".
* AFP