A Assembleia Nacional cubana votou nesta quinta-feira (21) uma modificação no programa das eleições gerais na ilha, adiando a nomeação do sucessor do presidente Raúl Castro para abril de 2018, anunciaram meios de comunicação estatais.
A votação por parte da Assembleia Geral do Conselho de Estado, responsável por eleger o presidente, que inicialmente estava prevista para o final de fevereiro, foi fixada para 19 de abril. Essa mudança de data ocorre após o adiamento das eleições locais deste ano, a primeira etapa das eleições gerais de 2017-2018, após a passagem em setembro do furacão Irma, que arrasou grande parte da ilha
Seguindo a proposta do Conselho de Estado, a Assembleia Nacional ampliou a legislatura atual em dois meses na abertura de sua sessão semestral iniciada nesta quinta-feira e que ocorre a portas fechadas.
Depois das eleições locais de novembro e dezembro, devem ser organizadas, em uma data que ainda não foi marcada, a eleição de cerca de 600 deputados da Assembleia Nacional, que, por sua vez, votará o Conselho de Estado, encarregado de nomear o novo presidente.
Titular do cargo desde 2008, após um período de dois anos, Raúl Castro, de 86 anos, já anunciou que não disputará um novo mandato e dará lugar a um líder da nova geração. Sua partida encerrará seis décadas de poder dos irmãos Castro na maior ilha do Caribe, embora espera-se que Raúl continue a liderar o poderoso Partido Comunista Cubano (PCC) até o próximo congresso da organização, previsto para 2021, quando o presidente terá 90 anos de idade.
Seu primeiro vice-presidente e número dois no governo, Miguel Diaz Canel, de 57 anos, é apontado como possível sucessor. Se for nomeado, este engenheiro nascido após a revolução enfrentará a difícil tarefa de estabelecer sua autoridade, consolidando as conquistas da revolução e continuando a indispensável transição econômica esboçada por Raúl Castro.
Ao encerrar a sessão do parlamento cubano, o presidente acusou o governo do presidente americano, Donald Trump, de fabricar "pretextos" para levar a um nível "sério e irracional" a deterioração das relações bilaterais estabelecidas em 2015.
— Neste retrocesso, os Estados Unidos recorrem novamente à fabricação artificial de pretextos que justifiquem o regresso a políticas fracassadas e universalmente rejeitadas contra Cuba — disse Castro.
— Durante 2017, fomos testemunhas de uma séria e irracional deterioração das relações entre Estados Unidos e Cuba, marcada pelo recrudescimento do bloqueio (embargo), o regresso da retórica agressiva e a arbitrária aplicação de medidas injustificadas, que afetam sensivelmente os vínculos entre os povos e as famílias — completa.
Em razão da crise provocada por supostos "ataques acústicos" contra diplomatas americanos em Havana, deflagrada em agosto, Washington e Havana atravessam o mais delicado momento desde que restabeleceram suas relações diplomáticas, após meio século de ruptura.
Castro reafirmou que "Cuba não teve ou tem qualquer responsabilidade" nestes incidentes, e que os "resultados das investigações cubanas e americanas até agora não encontraram a mínima evidência das causas e da origem dos problemas de saúde descritos".