Na segunda etapa de sua viagem asiática, Donald Trump chegou nesta terça-feira (7) à Coreia do Sul com a promessa de "resolver tudo", apesar das divergências com Seul a respeito da questão nuclear norte-coreana.
O avião presidencial Air Force One pousou às 12h30min (1h30min de Brasília) na base aérea de Osan, na região de Seul, onde o presidente e sua esposa esposa Melania foram recebidos pela ministra sul-coreana das Relações Exteriores, Kang Kyung-Wha.
Nos últimos meses, a tensão aumentou a respeito do programa nuclear de Pyongyang e o presidente americano trocou insultos e ameaças, inclusive de guerra, com o líder norte-coreano Kim Jong-Un, um conflito que afetaria os 10 milhões de habitantes da Coreia do Sul.
"Preparando-me para viajar à Coreia do Sul e encontrar com o presidente Moon, um cavalheiro distinto", escreveu Trump no Twitter. "Vamos resolver tudo!", completou. O tom representa um forte contraste com as declarações anteriores, nas quais chamou a estratégia de Moon Jae-In como um "apaziguamento".
O comentário foi mal recebido no palácio presidencial de Seul porque assimilava implicitamente Moon a Neville Chamberlain, idealizador da política britânica de apaziguamento com Adolf Hitler no fim dos anos 1930.
No final, tudo vai dar certo
Trump desembarcou na Coreia do Sul após uma visita de três dias ao Japão, onde recebeu o apoio integral do primeiro-ministro Shinzo Abe para sua estratégia com a Coreia do Norte de manter "todas as opções sobre a mesa".
A relação de Trump com o presidente sul-coreano Moon Jae-In, no enanto, é consideravelmente mais fria, o que aumenta as preocupações de que uma aliança de várias décadas poderia passar à segunda linha, privilegiando o vínculo com o Japão.
Ao mesmo tempo, Moon, cujo país está ao alcance da artilharia na Coreia do Norte, pediu que nenhuma ação militar aconteça na península sem o consentimento de Seul.
Apesar do clima tenso, a Coreia do Sul estendeu o tapete vermelho para receber Trump, à medida que busca mensagens de que a aliança entre os dois países permanece forte.
"No final, tudo vai dar certo" a respeito da Coreia do Norte, prometeu Trump em Camp Humphreyrs, base dos 28.500 militares americanos presentes na Coreia do Sul, 90 km ao sul da capital Seul.
Moon - cujos pais foram retirados do Norte durante a Guerra da Coreia (1950-1953) por um navio americano - celebrou a relação histórica de seu país com Washington.
—Dizem que conhecemos um verdadeiro amigo nos momentos de necessidade — afirmou a Trump.
Washington "é um verdadeiro amigo, que esteve conosco e derramou seu sangue ao nosso lado quando precisamos", acrescentou.
Apesar das palavras, a população sul-coreana se mostra dividida a respeito de Donald Trump: nas ruas aconteceram manifestações contra e a favor do presidente americano.
"Suas 'bombas retóricas' dizem tudo", afirma um editorial publicado pelo jornal The Korea Times.
"Por mais que os coreanos permaneçam tranquilos ante a guerra de palavras entre Trump e Kim, nós apreciamos nossas vidas, assim como os americanos, e a perspectiva de uma guerra nos assusta", completa.
Depois de visitar Camp Humphreys, Trump tinha uma reunião programada com Moon na Casa Azul, sede da presidência, e posteriormente um jantar de Estado com música ao vivo, que incluirá artistas tradicionais e intérpretes pop.
Na quarta-feira, ele discursará no Parlamento, mas não foi incluída na agenda uma visita à Zona Desmilitarizada que divide a península, algo que Washington descartou por considerar um "clichê".
A Coreia do Norte executou o seu sexto teste nuclear no início de setembro e intensificou os lançamentos de mísseis, alegando ter a capacidade de atingir o território continental dos Estados Unidos.
Alguns analistas advertiram que qualquer saída de pauta do presidente americano, que tem a tendência a este tipo de gesto, poderia aumentar a tensão na península.
—Se Trump falar qualquer coisa que possa provocar a Coreia do Norte, isto poderia aumentar as tensões de novo — afirmou o professor Koo Kab-Woo da Universidade de Estudos Norte-Coreanos de Seul.