A angustiante busca pelo submarino argentino, perdido no Atlântico com 44 tripulantes desde a última quarta-feira (15), chega a um dia decisivo. Sem sair à superfície, o ARA San Juan tem capacidade de oxigênio para sua tripulação por sete dias e sete noites, prazo que acabaria nesta quarta-feira.
– Supondo a fase mais crítica, que seria o submarino submerso e sem condições de emergir, estamos no sexto dia de oxigênio – disse ontem, terça-feira (21), Enrique Balbi, porta-voz da Armada, a Marinha de guerra argentina.
– O tempo está contra nós, mas nunca devemos perder as esperanças – reforçou Alejandro Cuerda, chefe da flotilha de submarinos da Espanha, que colabora com as buscas.
Balbi considerou auspiciosa a melhora do clima após vários dias de temporal com fortes ventos e ondas de cinco e seis metros.
– Por sorte começa a diminuir a intensidade do vento, com ondas de três e quatro metros, que permitiria uma varredura tridimensional do fundo – afirmou Balbi.
O submarino zarpou há nove dias de Ushuaia, no extremo sul da Argentina, e era esperado no domingo passado em Mar del Plata, 400 quilômetros ao sul da capital, seu porto habitual.
Após terem se iludido nos últimos dias com dois indícios que resultaram negativos, a incerteza foi se transformando em angústia.
– É uma mistura de sensações: dor, impotência e momentos de esperança. A sensação é que eles estão vindo, que hoje vão nos dizer 'estão chegando – confessou María Morales, mãe de Luis, um dos tripulantes.
Sete chamadas por satélite e um barulho no fundo do mar deram esperanças de que se tratava do submarino, mas foram descartadas após várias horas.
– Uma luzinha começa a brilhar e depois apaga – lamentou María Morales.
A Armada revelou na terça (21) que o ARA San Juan reportou uma avaria nas baterias, sem alertas, antes de sua última comunicação na quarta-feira passada às 10h30 GMT (08h30 de Brasília), quando navegava pelo Golfo San Jorge, a cerca de 450 km da costa argentina.
"Continuamos fazendo todo o possível, mobilizando todos os meios nacionais e internacionais disponíveis para encontrá-los o quanto antes", declarou na terça-feira (21) o presidente Mauricio Macri em comunicado.
A área de busca inicial era de 300 quilômetros de diâmetro nesta zona do Atlântico, onde a profundidade varia entre 200 e 350 metros, que já foi "100% varrida", disse Balbi.
A zona de busca foi ampliada e abarca 482.507 km2, detalhou o Ministério da Defesa.
Em agosto de 2000, o submarino nuclear russo "Kursk" naufragou no Mar de Barents, causando a morte de 118 membros de sua tripulação, o maior acidente de submarino em 30 anos.
Se o desenlace for trágico, para Argentina seria a pior perda militar desde a Guerra das Malvinas em 1982, na qual morreram 649 soldados argentinos.