A Comissão Eleitoral russa informou nesta terça-feira (17) que o opositor Alexei Navalny não poderá disputar eleições até 2028, devido a seu passado judicial, esfriando uma vez mais suas expectativas de desafiar Vladimir Putin nas presidenciais de março próximo.
O opositor de 41 anos, que sairá da prisão na quarta-feira (18), fez campanha em toda a Rússia nos últimos meses, apesar das reiteradas advertências das autoridades com relação à impossibilidade de apresentar sua candidatura.
A presidente da Comissão Eleitoral, Ella Pamfilova, foi ainda mais precisa, ao adiar qualquer ambição presidencial de Navalny até dentro de uma década, quando cumprir a pena que o impede de se apresentar devido a seu histórico judicial.
"Quando cumprir este prazo, em 2028 mais cinco meses, poderá ser plenamente candidato (...) Tem toda a vida pela frente", disse Pamfilova, citada por agências de notícias russas.
Em junho, a comissão eleitoral já tinha explicado que o opositor não poderia se apresentar, devido à sua condenação de cinco anos de prisão em suspenso por má-gestão de recursos em uma companhia de exploração florestal em um caso que remontava a 2009.
O opositor, que cumpre atualmente sua terceira pena de prisão do ano, assegura ter o direito de se apresentar, visto que a Constituição russa determina que qualquer pessoa pode ser candidata desde que não esteja detida.
"É mentira", disse nesta terça-feira Pamfilova, baseando sua declaração na lei eleitoral.
Navalny, um advogado conhecido por suas investigações sobre a corrupção as elites russas, sempre denunciou uma acusação "fabricada" com "evidentes motivos políticos", cuja única finalidade é impedi-lo de se apresentar contra Vladimir Putin, que está no poder desde 1999.
Embora ainda não tenha sido oficialmente declarado, o presidente russo, de 65 anos, desejaria se eleger a um quarto mandato, que lhe permitiria continuar à frente do país até 2024.
O opositor também repudia uma pena de três anos e meio de prisão com direito a sursis a que foi condenado em dezembro de 2014 por lavagem de dinheiro e fraude em um caso relacionado com seu trabalho para a economia francesa de cosméticos Yves Rocher.
A Corte Europeia de Direitos Humanos (CEDH) lhe deu razão em parte nesta terça-feira, ao considerar que esta condenação foi "arbitrária e manifestamente irracional".
* AFP