O governo espanhol recordou nesta segunda-feira (16) ao presidente catalão Carles Puigdemont que restam apenas três dias para evitar o risco de uma suspensão da autonomia de sua região, ao mesmo tempo que criticou sua falta de clareza sobre se declarou ou não a independência.
— O governo lamenta que o presidente da Generalitat tenha decidido não responder ao requerimento que foi apresentado pelo governo — disse em uma entrevista coletiva a vice-presidente Soraya Sáenz de Santamaría, reiterando que "apenas se pede e se pedia clareza".
Em uma sessão parlamentar confusa na terça-feira da semana passada (10), Puigdemont fez menção de declarar a independência ao afirmar que assumia o mandato do referendo, inconstitucional, de 1º de outubro - com taxa de participação de 43% e 90% de votos a favor da secessão -, mas disse que a proclamação ficava em suspenso para permitir o diálogo com Madri.
O presidente do governo espanhol, o primeiro-ministro Mariano Rajoy, respondeu com um requerimento para que Puigdemont esclarecesse formalmente se havia declarado a independência, com prazo até esta segunda-feira (16) para uma resposta.
Este é o primeiro passo para a aplicação do Artigo 155 da Constituição, que permite ao governo central suspender a autonomia de uma região em caso de descumprimento da lei.
Em sua carta, Puigdemont evitou uma resposta direta e ofereceu dois meses de diálogo. "O senhor Puigdemont tem uma oportunidade de retificar, de ser claro, de voltar à legalidade e de formular suas propostas onde a mediação reside em nosso país, no Congresso dos Deputados", afirmou Saénz de Santamaría.
Além da entrevista coletiva da vice-presidente, Rajoy escreveu nesta segunda-feira ao presidente catalão. "Espero que nas horas que restam até o segundo prazo (...) responda com toda a clareza que todos os cidadãos exigem e o direito requer", escreveu o primeiro-ministro.