O longa-metragem americano "The Disaster Artist", dirigido pelo ator consagrado James Franco, levou neste sábado (30) a Concha de Ouro de melhor filme da 65ª edição do festival internacional de Cinema de San Sebastián, na Espanha.
O júri, presidido pelo astro americano John Malkovich, decidiu contemplar esta comédia hilariante que conta a história das gravações do filme cult "The Room", de Tommy Wiseau, considerado um dos piores da história do cinema pela crítica.
Como ninguém em Hollywood se interessou em realizá-lo, Wiseau, um excêntrico diretor e ator, decidiu produzir ele mesmo o filme que desejava fazer.
Um fracasso em seu lançamento em 2003, o filme se tornou elemento de culto, apesar da má qualidade de interpretação de seus atores, da fotografia e dos cenários, porque "Tommy pôs todo o seu coração e sua a alma" na obra, explicou James Franco durante a apresentação do filme na quinta-feira (28) em San Sebastián, balneário concorrido do País Basco espanhol.
"Todos somos um pouco loucos e todos temos grandes sonhos", declarou Franco neste sábado, ao receber o prêmio. "Espero que nestes tempos de loucura, este filme ofereça a todos um pouco de luz e de inspiração", concluiu.
Entre os outros contemplados da mostra 'donostiarra', a argentina Anahí Berneri levou a Concha de Prata de melhor direção pelo filme "Alanis", que conta a história de uma prostituta que tenta cuidar de seu filho.
O prêmio de melhor ator foi atribuído ao romeno Bogdan Dumatrich ("Pororoca") e o de melhor atriz à argentina Sofia Gala Castiglione ("Alanis").
O brasileiro "Ferrugem", de Aly Muritiba, foi o vencedor da categoria Cinema em Construção, enquanto "Una especie de família", coprodução entre Brasil, Argentina, Polônia e França, dirigida por Diego Lerman e María Meira, foi contemplado na categoria melhor roteiro.
A cerimônia de premiação começou às 21h locais (16h em Brasília) no auditório Kursaal.
- "The Wife" encerra a festa -
Depois de oito dias e mais de 200 filmes exibidos nesta cidade do norte da Espanha, o longa-metragem "The Wife", do sueco Björn Runge, protagonizado por Glenn Close, vai concluir a mostra, considerada a maior do mundo hispânico.
O drama traz Close no papel de uma mulher ofuscada por seu marido em busca de sua própria expressão.
Nesta coprodução britânica-sueca, a atriz americana dá vida a Joan Castleman, a mulher aparentemente feliz de um escritor (Jonathan Pryce), que acaba de ganhar o Prêmio Nobel de Literatura.
Mas, quando o casal viaja com sua filha a Estocolmo para receber a premiação, essa relação começa a mostrar suas fragilidades, e Joan terá de tomar decisões difíceis sobre revelar seu próprio talento.
Close, de 70 anos, disse em coletiva de imprensa ter-se identificado com a personagem.
"Acho que muitas mulheres passam grande parte de sua vida escondendo sua luz e dando sua luz para outra pessoa, para seus maridos, ou parceiros, e acredito que é um ato de coragem uma mulher deixar sua luz brilhar", disse a atriz, seis vezes indicada ao Oscar.
Quando lhe perguntaram o que faria se ganhasse o Oscar por esse papel, Close respondeu: "Pularia na cama, ficaria pelada e correria gritando pela rua".
Nesta edição, os 18 filmes que disputaram a Concha de Ouro tinham origens diversas, como Argentina, Espanha, França, Alemanha, Estados Unidos, Áustria, Polônia, Grécia e Romênia.
Na mistura heterogênea de diretores jovens e consagrados e de dramas e comédias, destacaram-se a história de amor peculiar "Submergence", do veterano Wim Wenders; "Le lion est mort ce soir", sobre a decadência de um ator, do japonês Nobuhiro Suwa; a comédia delirante "The disaster artist", do americano James Franco; e "El autor", coprodução hispano-mexicana, do espanhol Manuel Martín Cuenca.
Na corrida pelo prêmio separado que reconhece o melhor da sétima arte latino-americana, na seção "Horizontes Latinos", estão 12 longas, de Brasil, Argentina, Chile, Costa Rica, México, República Dominicana, Uruguai e Venezuela.
Fora do escurinho do cinema, no tapete vermelho, desfilaram estrelas como Javier Bardem, Penélope Cruz, Arnold Schwarzenegger, Antonio Banderas, Monica Bellucci e Ricardo Darín.
* AFP