Na madrugada desta quarta-feira (13), um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) trouxe brasileiros que ainda estavam em Saint Martin, ilha caribenha devastada pelo furacão Irma. A médica gaúcha Mariana Fischer Costa, que está grávida de quatro meses, o marido, Rafael Forno, e a filha Giovanna, de três anos, no entanto, só chegam ao Rio Grande do Sul na sexta-feira.
Conforme Maurício Fischer, depois de quatro dias sem fazer contato, sua irmã avisou que conseguiu deixar Saint Martin na noite de domingo (10). Graças à dupla cidadania italiana, ela, o marido e a filha embarcaram em um avião militar francês e conseguiram ir para a ilha de Martinica, que não foi atingida pelo furacão.
— Ela contou que fez uma choradeira, disse que estava grávida e que tinha um bebê de três anos para conseguir embarcar, porque o avião só transportava franceses para Martinica, que é um território da França — diz Maurício.
Assim que chegaram a Martinica, enviaram a primeira mensagem dando informações positivas: "Escapamos!!!", mandou Mariana por WhatsApp ao irmão.
Leia mais:
Avião da FAB com sobreviventes do furacão Irma pousa em Brasília
VÍDEO: imagens da Nasa mostram ilhas do Caribe antes e depois do furacão
Irma perde força e é rebaixado para depressão tropical
Caso tivessem esperado até terça-feira em Saint Martin, eles poderiam ter embarcado no avião da FAB, que trouxe para Brasília oito brasileiros e seis estrangeiros, e voltado ao país nesta madrugada. No entanto, como deixaram a ilha devastada e há poucos voos que saem de Martinica com destinos que têm ligação com o Brasil, os familiares só conseguiram comprar passagem para Guiana Francesa, que chega a Brasília na quinta e a Porto Alegre somente sexta.
Apesar disso, o publicitário conta que a irmã não se arrepende da decisão:
— Ela disse que não teriam como viver mais um dia lá, porque estavam sem comida, a água estava acabando e estavam abaixo de sol. Já estavam há 24 horas no aeroporto (de Saint Martin), sete dias sem tomar banho, sem dormir numa cama. Não teriam aguentado mais nenhum dia.
Além da situação dramática, a ginecologista contou aos familiares que o clima estava muito tenso na ilha. As comidas que chegavam fruto de doações foram acabando e os desabrigados começaram a disputar pacotes de bolacha.
— Começou a ficar violento. Um roubando comida do outro. As pessoas estavam agressivas. Todo mundo tentando achar uma forma de sobreviver e de sair — conta Maurício.
Veja a localização das ilhas de Saint Martin e de Martinica:
Ainda conforme ele, os 32 brasileiros que estavam em Saint Martin (número fornecido pelo Itamaraty) estavam se ajudando. Apenas oito voltaram com a FAB porque, assim conforme a família de gaúchos, muitos conseguiram escapar antes. O avião brasileiro chegou à ilha caribenha quase uma semana depois da passagem do furacão Irma, o que ocorreu na quarta-feira passada (6).
Segundo o governo, ainda existem brasileiros presos nas ilhas Tortola e Turcas e Caicos, que fazem parte das Ilhas Virgens Britânicas. O Itamaraty informou que está em contato com o governo do Reino Unido para planejar a retirada dos brasileiros nesses territórios.
Assim que desembarcar em Porto Alegre, Mariana, Rafael, que é carioca, e a filha Giovanna devem ser recebidos pelos familiares da Capital e de Caxias do Sul, terra natal da gaúcha. Depois, devem seguir para Novo Hamburgo, onde moram.
— Foram dias difíceis, sem contato, sem informações se estavam vivos. Não vemos a hora de poder abraçá-los — conclui Maurício.