Diante de lideranças israelenses, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, defendeu, nesta segunda-feira (28), o "sonho" de um dia ver um Estado palestino convivendo em paz com Israel, apesar dos "obstáculos" existentes.
– Sonho com ver um dia, na Terra Santa, dois Estados capazes de viverem juntos, em um reconhecimento mútuo e em paz e segurança – declarou Guterres, ressaltando que foi contrário às atividades de colonização israelenses na Cisjordânia ocupada e em Jerusalém Oriental anexada.
O secretário-geral das Nações Unidas ainda expressou a necessidade de se condenar o "terrorismo" e "as incitações ao ódio", em uma mensagem essencialmente dirigida aos palestinos.
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Na direção contrária, o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, disse que as preocupações israelenses estão em outro sentido: as atividades armadas – segundo ele – do movimento islamita Hezbollah no sul do Líbano, após o fracasso da Força de Paz das Nações Unidas (Finul) em denunciar o tráfico de armas nesse setor. Netanyahu alertou sobre a presença iraniana na Síria.
Ao lado de Guterres na entrevista coletiva, Netanyahu criticou a "obsessão absurda" das Nações Unidas contra Israel.
– O problema mais urgente que enfrentamos provém do Hezbollah e da Síria – frisou.
Além disso, o premiê acusou a Finul de fracassar em sua tarefa de impedir que o Hezbollah se arme frente a Israel. Em relação ao Irã, inimigo declarado de Israel e apoio do Hezbollah, Netanyahu disse que "está transformando a Síria em um campo de trincheiras", construindo fábricas de produção de mísseis e usando Síria e Líbano "com o objetivo declarado de erradicar Israel".
Ele também denunciou as "táticas discriminatórias" usadas contra Israel na Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), ou no Conselho dos Direitos humanos da ONU.
Guterres rebateu, defendendo a "imparcialidade" da ONU.
Previamente, o secretário-geral da ONU havia classificado de "forma moderna de antissemitismo" a posição dos que convocam a destruição do Estado de Israel, em um encontro com o presidente israelense, Reuven Rivlin, após ter visitado o Yad Vashem, instituição oficial israelense em Jerusalém em memória do Holocausto.
– O Yad Vashem está aí para nos lembrarmos de que temos de estar na primeira linha de combate contra o antissemitismo – declarou Guterres. – Mas compreendam também que eu esteja, às vezes, em discordância com as posições do governo de Israel – acrescentou.
Na visita à região, sua primeira no posto máximo da ONU, Guterres será recebido na terça-feira (29) pelo primeiro-ministro palestino, Rami Hamdallah, na Cisjordânia ocupada. Na quarta-feira (30), ele irá à Faixa de Gaza, controlada pelo movimento islamita Hamas.
Guterres reiterou que "não há alternativa" à chamada solução de dois Estados.