O presidente do Equador, Lenín Moreno, decretou, nesta quinta-feira (3), a retirada de todas as funções de seu vice-presidente, Jorge Glas, na primeira crise registrada em seu governo. No poder desde 24 de maio, Moreno retirou, mediante decreto, as responsabilidades de seu companheiro de chapa, após as severas críticas lançadas por ele na véspera.
"Derrogue o decreto (...), retirando assim todas as funções atribuídas ao vice-presidente da República", assinala o texto.
No entanto, a decisão não implica na destituição de Glas, que enfrenta uma onda de acusações de corrupção por parte de opositores, incluindo sua suposta relação com o caso Odebrecht. Vice-presidente desde 2013, Glas publicou, na quarta-feira (2), uma dura carta com uma longa lista de reprovações contra Moreno, alinhando-se com o ex-presidente Rafael Correa na briga que fissura o governo.
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Moreno, que na véspera pediu unidade a suas fileiras, afastou Glas de suas funções à frente da milionária reconstrução das zonas arrasadas pelo terremoto de abril de 2016, que deixou mais de 600 mortos.
Segundo a Constituição, o vice-presidente é o encarregado de substituir o presidente em caso de ausência temporária ou definitiva e exerce as funções que ele lhe atribui. Por ser um cargo de escolha popular, o vice-presidente não pode ser destituído pelo presidente. A única via para suspendê-lo do cargo é por meio de um julgamento político na Assembleia, de maioria governista, que rechaçou esta possibilidade há duas semanas.
Após o anúncio, o primeiro a reagir foi Correa, convertido, na prática, no principal opositor de Moreno.
"Ops! O 'diálogo' só há para os que odeiam a Revolução! Em frente, JORGE. Entenda isto como uma condecoração", escreveu.
Glas convocou, nesta quinta, uma coletiva para reafirmar a sua posição.