O primeiro-ministro iraquiano, Haider Al-Abadi, proclamou em um comunicado neste domingo (9) a vitória de seu exército em Mossul, cidade "liberada" após uma batalha de quase nove meses contra os extremistas do grupo Estado Islâmico (EI).
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Abadi "chega a cidade libertada de Mossul e felicita os combatentes heroicos e o povo iraquiano por esta importante vitória", indica o comunicado.
No Twitter do primeiro-ministro foi publicada uma foto de Haider Al-Abadi, vestido em uniforme militar, chegando na segunda maior cidade do país e último grande reduto urbano que ainda era controlado pelos extremistas islâmicos.
O chefe de Estado deve pronunciar um discurso na cidade ao longo do dia. Os combates parecem ainda não ter terminado por completo. Disparos de artilharia e ataques aéreos ainda eram audíveis no momento em que o gabinete do primeiro-ministro publicou seu comunicado.
Nos últimos dias, alguns extremistas ainda presentes em Mossul foram cercados em uma área reduzida da Cidade Antiga, ao longo do rio Tigre.
Mais cedo, neste domingo, o comando conjunto das operações no Iraque anunciou que "30 terroristas" haviam sido mortos quando tentavam escapar pelo rio Tigre.
A reconquista de Mossul, cidade transformada pelo EI em seu principal reduto no Iraque, é a mais importante vitória das forças iraquianas desde que o grupo extremista sunita se apoderou em 2014 de vastos territórios no país e na vizinha Síria.
Ela acontece ao final de uma ofensiva lançada em 17 de outubro pelas forças iraquianas com o apoio da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos.
Em janeiro, as forças iraquianas recuperaram o controle da zona leste da cidade e, em fevereiro, lançaram o ataque na zona oeste. Os combates se intensificaram à medida que o cerco se fechava sobre os extremistas na Cidade Antiga, área de ruas estreitas e densamente povoada.
Condições 'terríveis'
A campanha militar provocou uma severa crise humanitária, marcada pela fuga de quase meio milhão de civis, segundo as Nações Unidas.
Os civis encurralados na cidade viveram ao longo dos últimos meses em condições "terríveis", sofrendo com a falta de alimentos e água, os bombardeios e intensos combates, além de serem usados como "escudos humanos" pelos extremistas.
Neste domingo, um jornalista da AFP em Mossul viu um grupo de cerca de 60 mulheres e crianças, inconsoláveis e traumatizadas, que conseguiu deixar a Cidade Antiga.
A cidade é carregada de simbolismo para o grupo, já que foi lá que seu líder, Abu Bakr al-Bagdadi, fez sua única aparição pública, em um vídeo publicado em julho de 2014.
Em junho deste ano, a Rússia disse acreditar que teria conseguido matar Al-Bagdadi em um ataque na Síria. O fato nunca foi confirmado.
Apesar da vitória importante, a retomada de Mossul não marcará o fim da guerra contra o EI, que ainda controla várias zonas no Iraque, incluindo as cidades de Tal Afar (50 km a oeste de Mossul) e Hawija (cerca de 300 km ao norte de Bagdá) e zonas desérticas da província de Al-Anbar (oeste), bem como a região de Al-Qaïm, na fronteira com a Síria.
O grupo extremista ainda controla igualmente territórios no leste e no centro da Síria, apesar de ter perdido terreno desde 2015, e seu reduto de Raqa (norte) é cercado pelas forças apoiadas pelos Estados Unidos.
Em reação à vitória em Mossul, o presidente francês, Emmanuel Macron, declarou neste domingo no Twitter que a França "prestava homenagem a todos aqueles, com as nossas tropas, que contribuíram" para a libertação da cidade.