Veículos incendiados, colunas de fumaça sobre a cidade, manifestações e presença policial reforçada: o centro de Hamburgo, na Alemanha, parece estar em estado de sítio, nesta sexta-feira (7), durante a abertura da cúpula do G20.
Após protestos na quarta (5) e na quinta-feira (6), manifestantes contrários à globalização voltaram às ruas de Hamburgo às 7h desta sexta-feira (2h pelo horário de Brasília) para tentar bloquear a chegada de delegações dos líderes das principais economias do mundo. Os cortejos diplomáticos levaram bastante tempo para conseguir atravessar o tumulto e os pneus da comitiva canadense foram perfurados. No entanto, a reunião de cúpula já foi iniciada.
Na quinta-feira à noite, os confrontos de policiais e militantes deixaram 111 feridos entre as forças de segurança, enquanto pelo menos 29 pessoas foram detidas e 15 estão em prisão preventiva. As autoridades informaram que as manifestações podem reunir até 100 mil pessoas nas ruas de Hamburgo. O governo alemão enviou quase 20 mil policiais de todo o país para reforçar a segurança.
– Com 200 pessoas, mostramos a milhões que é possível levar o protesto para as ruas, que não devemos aceitar tudo o que vem de cima – disse à AFP um dos manifestantes, que não quis se identificar por medo de represálias da polícia.
Leia mais
Ao desembarcar, Temer afirma que "não existe crise econômica no Brasil"
Trump, Merkel, Putin, Macron. Guia para acompanhar a reunião do G20
Militantes entram em confronto com a polícia na véspera da cúpula do G20
Manifestantes lançaram coquetéis molotov e incendiaram diversos veículos – inclusive carros da polícia – no bairro de Altona, perto de uma delegacia. Quatro helicópteros sobrevoavam a cidade nesta sexta-feira e também foram alvos de foguetes lançados por militantes. A polícia citou a presença de fumaça na zona oeste da cidade.
Em várias partes da cidade e nos cruzamentos que levam ao centro de congressos foram organizados sit-ins e correntes humanas. E, a cada vez, a cena se repetia: canhões de água para dispersar os manifestantes. A polícia também usou gás lacrimogêneo depois de ser alvo de tinta preta. Um pouco mais adiante, vários manifestantes usaram guarda-chuvas para se proteger, sentados no chão, dos jatos de água da polícia.
As emissoras de TV exibiam imagens das consequências dos protestos: automóveis queimados e lojas depredadas. A polícia dispersou pelo menos um protesto com jatos de água e gás lacrimogêneo. Alguns manifestantes jogaram tinta preta nos agentes.
O sindicato da polícia GdP condenou nesta sexta-feira "os ataques em massa de grupos extremistas violentos" e denunciou que os chamados "black blocs" – grupos de manifestantes encapuzados associados ao movimento anarquista – "confiscaram as manifestações pacíficas".
– Há uma semana os helicópteros são ouvidos constantemente, os ônibus não circulam, as pessoas deixam seus carros estacionados em casa e, pela primeira vez na Alemanha, carrego o meu passaporte quando saio (em razão dos controles policiais) – reclama o morador Benjamin Laub, de 53 anos.