Pelo menos três palestinos morreram em confrontos na Cisjordânia de Jerusalém Oriental, nesta sexta-feira (21), entre as forças israelenses e os manifestantes, que protestaram contra as novas medidas de segurança para ter acesso à Esplanada das Mesquitas.
– Um palestino morreu por disparos no coração – disse o Ministério da Saúde palestino, explicando que o incidente aconteceu em Abu Dis, na Cisjordânia ocupada.
Pouco antes, a mesma fonte anunciou a morte de outras duas pessoas em circunstâncias parecidas, uma no bairro de Ras al-Amud (perto da Cidade Velha de Jerusalém) e outra na zona de A-Tur (Jerusalém Oriental).
O Crescente Vermelho palestino informou que 391 pessoas ficaram feridas em Jerusalém e na Cisjordânia, enquanto a polícia israelense anunciou um total de 29 prisões nas duas áreas.
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A polícia israelense proibiu que homens com menos de 50 anos entrem na Cidade Antiga de Jerusalém e na Esplanada das Mesquitas, impedindo que participem da tradicional oração muçulmana semanal.
"A entrada na Cidade Velha e no Monte do Templo (Esplanada das Mesquitas para os muçulmanos) fica limitada aos homens de 50 anos, ou mais, e às mulheres de qualquer idade", anunciou a polícia em comunicado.
Em resposta, o presidente palestino, Mahmud Abbas, anunciou o congelamento das relações com Israel até que essas medidas sejam suspensas.
– Em nome da direção palestina, anuncio um congelamento de todos os contatos com o Estado ocupante, a todos os níveis, até que Israel se comprometa a anular todas as medidas contra nosso povo palestino em geral e em Jerusalém, e na mesquita Al-Aqsa em particular – declarou Abbas à imprensa.
Durante o dia, centenas de pessoas protestaram, rezando na rua, perto da entrada da Cidade Velha. Um grupo de pessoas, incluindo líderes muçulmanos, começou a caminhar para a entrada, mas foi contido pela polícia, que recorreu ao uso de gás lacrimogêneo. Alguns palestinos responderam lançando pedras e outros objetos.
A Esplanada das Mesquitas, onde estão o Domo da Rocha e a mesquita Al-Aqsa, fica na Cidade Antiga de Jerusalém, setor palestino da Cidade Santa. Sua anexação por parte de Israel nunca foi reconhecida pela comunidade internacional.
Desde domingo (16), os palestinos denunciam a instalação de detectores de metal nas entradas do lugar santo, medida decidida por Israel depois do ataque contra policiais israelenses em 14 de julho, perto desse mesmo local.
A medida trouxe de volta o temor dos palestinos de que Israel tome o controle exclusivo do terceiro lugar santo do Islã, também venerado pelos judeus, que o chamam de Monte do Templo.
Desde então, os palestinos decidiram não ir à Esplanada e fazer suas orações na Cidade Antiga.
Confrontos diários
Nesta semana, houve confrontos quase diários com a polícia israelense. Nos últimos dias, a imprensa israelense informou que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu cogitava a possibilidade de retirar os detectores para evitar incidentes. Após consultar as forças de segurança e seu gabinete, Netanyahu decidiu manter o procedimento.
O gabinete de segurança "deu à polícia a autoridade para tomar as decisões necessárias para permitir o livre acesso aos lugares santos, garantindo – ao mesmo tempo – a segurança e a ordem pública", declarou uma autoridade israelense nesta sexta.
Status quo
A polícia israelense disse ainda que reforçou seus efetivos na Cidade Antiga com unidades "mobilizadas em todos os setores e bairros". Na quinta-feira (20), o exército garantiu o envio de cinco batalhões extras à Cisjordânia ocupada para conter possíveis distúrbios.
Em Jerusalém Oriental, Israel controla os acessos à Esplanada das Mesquitas, local que, há décadas, cristaliza as tensões entre israelenses e palestinos. A Jordânia é responsável pela gestão do local.
Em diferentes ocasiões, Israel disse não ter a intenção de modificar as regras tácitas do atual status quo, o qual estabelece que os muçulmanos podem ir à Esplanada a qualquer hora. Também autoriza os judeus a ingressarem em determinadas horas do dia sem pode rezar.
– Israel se compromete a manter o status quo no Monte do Templo e a liberdade de acesso aos lugares santos – frisou uma autoridade do governo israelense.
Um agressor entrou nesta sexta em uma colônia da Cisjordânia ocupada e matou três civis israelenses a facadas, além de ferir outros dois, informou o exército em um comunicado.