Dois policiais israelenses, de 22 e 30 anos, morreram e um ficou ferido após um tiroteio na Cidade Antiga de Jerusalém, nesta sexta-feira (14). De acordo com as forças de segurança, os três atiradores palestinos também foram mortos. O incidente é considerado o mais grave na região nos últimos anos.
Os homens começaram a atirar quando avistaram os policiais, depois de chegar aos portões da Cidade Velha. Os atiradores ainda não foram identificados.
Três homens atiraram contra os militares israelenses nas proximidades do Monte do Templo, área considerada sagrada por cristãos, muçulmanos e judeus em Jerusalém. Além disso, um palestino foi morto em confrontos com as forças israelenses em um campo de refugiados perto da cidade de Belém, na Cisjordânia ocupada, segundo o Ministério palestino da Saúde. A vítima foi identificada como Bara Hamamdah, de 18 anos.
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A polícia israelense anunciou que todos os acessos ao local, situado em Jerusalém Oriental, anexado e ocupado por Israel, foram fechados e que as orações desta sexta-feira não seriam celebradas.
Frente à possibilidade de aumento das tensões, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o presidente palestino, Mahmmud Abbas, conversaram por telefone pela manhã, informou a agência de notícias palestina Wafa.
Abbas condenou o incidente e manifestou "rejeição a todo ato de violência, venha de onde vier, especialmente em lugares de culto", afirmou a Wafa, acrescentando que "o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, fez um apelo à calma".
Este foi o primeiro ataque com arma de fogo em muitos anos na parte antiga da cidade. Os últimos 20 meses têm sido marcados, porém, por uma série de ataques com facas.
Dois policiais feridos no incidente faleceram pouco depois do ataque desta sexta-feira, enquanto um terceiro agente se recuperava de ferimentos leves, segundo a Polícia.
Os dois agentes mortos, Hail Satawi, de 30 anos, e Kamil Shanan, de 22, faziam parte da minoria árabe drusa de Israel, presente na Polícia e no Exército israelenses.
"Extremamente grave"
De acordo com a Polícia e com o Shin Bet, o serviço de Inteligência interna de Israel, os três agressores eram árabe-israelenses, oriundos da cidade de Um el-Fahm. Eles foram identificados como Mohamed Khabarin e Mfadal Khabarin, ambos de 29 anos, e Abdel Latif Khbarin, de 19 anos.
Às 7h (1h pelo horário de Brasília), os agressores abriram fogo contra os policiais israelenses perto de um acesso à Cidade Antiga de Jerusalém e, em seguida, fugiram para a Esplanada das Mesquitas, onde foram mortos pelas forças de segurança, de acordo com a Polícia.
Em um vídeo divulgado por veículos da imprensa israelense e da palestina é possível ouvir os tiros no local. O ministro israelense da Segurança Pública, Gilad Erdan, foi ao local e chamou o ataque de "evento extremamente grave".
– Vamos ter de reavaliar todos os dispositivos de segurança no Monte do Templo (como os judeus chamam a Esplanada das Mesquitas) e seus arredores. Exorto os líderes de ambos os lados a manter a calma em Jerusalém – acrescentou.
Após consultar autoridades da segurança, Netanyahu decidiu manter a Esplanada das Mesquitas "fechada hoje por razões de segurança", informa um comunicado de seus serviços.
Orações canceladas
Segundo a imprensa israelense, é a primeira vez desde 2000, quando teve início a Segunda Intifada, que as orações de sexta-feira são canceladas. O mufti de Jerusalém, Mohamed Hussein, denunciou à imprensa que a Esplanada dos Mesquitas havia sido isolada, e as orações, canceladas.
As autoridades israelenses "não querem que as pessoas fiquem na mesquita de Al-Aqsa", indicou.
– O governo palestino condena todos os procedimentos da ocupação israelense em Al-Aqsa e o impedimento das pessoas de orar na sexta-feira – declarou o porta-voz do governo palestino em Ramallah, Tarik Rashmawi.
Al-Aqsa está localizada na Esplanada das Mesquitas e é o terceiro lugar mais sagrado do Islã. Logo abaixo, o Muro das Lamentações, conhecido como Monte do Templo pelos judeus, é o local mais sagrado do Judaísmo.
O porta-voz do Hamas, Sami Abu Zhori, considerou que o ataque desta sexta-feira foi "uma resposta natural ao terrorismo sionista e à profanação da mesquita de Al-Aqsa", em um comunicado publicado no site do Hamas.
– O status quo será preservado – garantiu Benjamin Netanyahu, na tentativa de tranquilizar os palestinos.
De acordo com um status quo em vigor há décadas, os judeus têm permissão para visitar a Esplanada, mas não de rezar no local.
Desde outubro de 2015, Israel e os Territórios Palestinos vivem uma onda de violência, que já matou 280 palestinos, 42 israelenses, dois americanos, dois jordanianos, um eritreu, um sudanês e uma britânica, segundo uma contagem da AFP.