O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciará na sexta-feira (16) a proibição das transações entre empresas e instituições americanas e entidades vinculadas às Forças Armadas cubanas, que controlam partes inteiras do setor turístico, informou nesta quinta-feira (15) um alto funcionário americano.
Trump fará um discurso em Miami, no qual exporá sua visão sobre a aproximação de Cuba, iniciada por Barack Obama em 2014 e também anunciará uma aplicação mais estrita das restrições a viagens para a ilha comunista, segundo a mesma fonte, que pediu para ter a identidade preservada.
Desde a campanha presidencial de 2016, Trump se comprometeu a rever a política de Washington com relação a Havana.
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Até o momento a Casa Branca limitou-se a informar que Trump viajará a Miami na sexta-feira para fazer o anúncio, mas manteve silêncio sobre as medidas projetadas.
Pressões divergentes
De um lado, diversas pesquisas mostram que no geral a maioria da população de origem cubana que mora nos Estados Unidos defende melhores relações com Cuba, inclusive a enorme comunidade cubana radicada no estado da Flórida.
Ao mesmo tempo, essa comunidade cubana foi um elemento fundamental na campanha eleitoral: esse grupo apoiou Trump maciçamente, permitindo-lhe vencer na Flórida, um passo essencial para que chegasse à Casa Branca.
Da mesma forma, o lento processo de reaproximação entre os Estados Unidos e Havana teve desde o primeiro dia o apoio entusiasmado de diversos setores empresariais, especialmente os ligados à agricultura, ao turismo e às telecomunicações.
A política americana anterior com relação a Cuba impediu empresas locais atuarem na ilha, e isto permitiu que muitas empresas europeias conseguissem acordos vantajosos.
A partir de 2015, empresas americanas prepararam investimentos para apoiar sua atuação em Cuba, e a Casa Branca certamente encontrará dificuldades em adotar estas iniciativas.
Para o advogado Pedro Freyre, o cenário criado pelo restabelecimento de relações diplomáticas não deverá sofrer mudanças fundamentais.
Trump possivelmente lançará "uma política mais restritiva ou mais rígida, mas dentro da perspectiva de manter o processo de comunicação aberto", disse Freyre à AFP.
– Os dois países continuam tendo grandes diferenças no campo político, nos direitos humanos e também nos negócios, mas não houve uma ação dramática que possa justificar uma ruptura – destacou Freyre, que é considerado uma referência nas relações comerciais com Cuba.
Retrocesso arriscado
Segundo esta carta, "milhões de cubanos" se beneficiaram desta reaproximação pelo crescimento nos setores de hotelaria, restaurantes e até desenvolvimento de software.
De forma simétrica, segundo o grupo de análise Engage Cuba, a interrupção do processo de aproximação com a ilha colocaria em risco nada menos que dez mil empregos nos Estados Unidos, só no setor dos transportes.
Para Jason Marzak, do grupo de análise Atlantic Council, empresas como "Airbnb, Google e dezenas de outras investiram milhões" para se beneficiar da reaproximação.
– Estes investimentos não podem ser postos em risco por políticas obsoletas que já provaram que não funcionam – destacou.
Além disso, destacou, "Cuba tem colaborado com a ONU em desafios compartilhados, como o tráfico de drogas, ajuda em casos de desastres ou prevenção de doenças. Deveríamos buscar novas formas de agir juntos".
Mais de 250 mil americanos visitaram Cuba nos primeiros cinco meses de 2017, o que representou um crescimento de 145% com relação ao mesmo período de 2016, reportou na quarta-feira um portal cubano, citando fontes oficiais.
– Ao fim de maio, segundo informação do Escritório Nacional de Estatísticas e Informação, visitaram Cuba 284.565 americanos, uma cifra que quase iguala a quantidade de visitantes do país do norte que vieram durante todo [o ano de] 2016 – indicou o portal governista Cubadebate.