O presidente americano, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira (1º) a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris. Assinado por 195 países, em 2015, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, o pacto prevê o esforço para que a temperatura média do planeta sofra uma elevação "muito abaixo de 2°C" até 2100, o que implica em mudanças econômicas.
– A partir de hoje, os Estados Unidos cessarão toda a implementação do Acordo de Paris não vinculativo e os encargos financeiros e econômicos draconianos que o acordo impõe ao nosso país – disse Trump.
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Durante o anúncio, Trump afirmou que os EUA tentarão "fazer um acordo justo sobre o clima".
– O Acordo de Paris é desvantajoso para os Estados Unidos – disse Trump durante a cerimônia.
Segundo o presidente americano, quem absorveria os custos das promessas feitas durante a COP 21 seriam os trabalhadores. Por isso, segundo ele, o pacto é injusto para os Estados Unidos.
A Casa Branca transmitiu o anúncio:
Repercussões
Antes mesmo do anúncio, grandes empresas americanas já haviam criticado a decisão de Trump, entre elas a petrolífera ExxonMobil, a gigante agroquímica DuPont, a Google, a Intel e a Microsoft.
Assim que o anúncio terminou, o Barack Obama criticou Trump por abandonar o acordo sobre o clima. Segundo o ex-presidente, a decisão faz com que os Estados Unidos "rejeitem o futuro".
"Mesmo na ausência da liderança americana, mesmo que esta administração se una a um pequeno grupo de nações que rejeitam o futuro, estou confiante de que nossos estados, cidades e empresas vão avançar e fazer ainda mais para indicar o caminho e ajudar a proteger o único planeta que temos para as futuras gerações", disse Obama em um comunicado.
O diretor executivo do WWF-Brasil, Maurício Voivodic, em nota, disse que o acordo continuará "firme e forte", independente da decisão americada.
"As manifestações em todo o mundo e as tendências da economia mundial mostram que o Acordo de Paris continuará firme e forte, independentemente da decisão de Trump. O movimento de descarbonização mundial já está em andamento e é irreversível. Cabe aos países continuarem com seus planos de implementação do Acordo e o aumento da ambição de suas metas; governos subnacionais e setor empresarial norte-americano devem continuar o movimento de uma economia americana de baixo carbono", afirmou em nota.
Metas globais
Firmado em 2015, após mais de dez anos de negociações para mitigar o efeito da atividade econômica no clima, o tratado foi assinado por 195 países e ratificado por 147, responsáveis por 80% das emissões.
Segundo maior emissor de gases depois da China, os Estados Unidos respondem por 18% do carbono lançado na atmosfera terrestre, ou 6,5 milhões de toneladas por ano. A saída americana torna ainda mais difícil que as metas do acordo sejam cumpridas. A promessa firmada em Paris foi de reduzir o carbono na atmosfera de 69 bilhões de toneladas para 56 bilhões, e negociar metas futuras para manter, até 2100, o aquecimento global no nível tolerável, inferior a 2ºC.
As consequências para o clima da Terra poderão ser, de acordo com o consenso dos cientistas, catastróficas. Derretimento de geleiras, elevação do nível do mar, maior intensidade de eventos extremos como tempestades, enchentes, secas e furacões.
Estudo publicado na revista Nature estima, neste cenário, queda de 23% na renda média global até 2100, com aumento de desigualdade, graças sobretudo ao impacto na atividade agrícola e na produtividade. O Banco Mundial previu que, até 2030, mais de 100 milhões de pessoas podem voltar à pobreza se nada for feito para mitigar as mudanças climáticas.
Nos Estados Unidos, fração considerável da opinião pública e do Partido Republicano rejeita o consenso científico sobre o este impacto e não acredita que a atividade humana tenha qualquer interferência no clima do planeta.