A polícia de Londres anunciou neste sábado (17) que o número de mortos no incêndio na Grenfell Tower subiu para 58, após assumir como vítimas fatais os desaparecidos na tragédia. Depois de distúrbios no bairro onde ocorreu o incêndio e de críticas à reação do governo conservador, a rainha Elizabeth II pediu união nacional.
– Cinquenta e oito pessoas que, segundo nossas informações, encontravam-se na torre naquela noite estão desaparecidas, por isso, tenho que assumir, com tristeza, que estão mortas – declarou o representante da polícia de Londres Stuart Cundy.
Os 30 mortos cujos corpos já foram localizados estão incluídos no novo saldo.
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– Este número poderá mudar. Espero que não, mas poderá aumentar – indicou.
A imprensa britânica fala em até 70 desaparecidos. O governo do Marrocos informou que seis cidadãos de seu país foram identificados entre as vítimas. Cerca de 600 pessoas viviam no prédio, de 120 apartamentos, devastado por um incêndio na madrugada da última quarta-feira (14).
Humor nacional sombrio
Um porta-voz do governo anunciou que a premier britânica, Theresa May, receberá em Downing Street "um grupo de moradores, vítimas, voluntários e líderes da comunidade local", após uma reunião ministerial sobre a tragédia.
– Este é, tradicionalmente, um dia de festa – disse a rainha Elizabeth II numa mensagem em que usou um tom pouco habitual, coincidindo com a comemoração de seu 91º aniversário.
– Mas este ano é difícil não sentir o sombrio humor nacional – acrescentou, pedindo que os britânicos não desmoronem ante "a sucessão de desgraças terríveis dos últimos meses", referindo-se a três atentados e ao incêndio ocorridos em Londres.
– Quando é posto à prova, o Reino Unido se mostra determinado frente à adversidade – publicou a rainha, que observou um minuto de silêncio em homenagem às vítimas.
– Unidos em nossa dor, também estamos, sem medo nem preferência, no apoio que damos a todos que reconstroem suas vidas – acrescentou.
A rainha visitou sobreviventes na sexta-feira (16). A imagem de Elizabeth II conversando com membros da comunidade local contrastou com a reação da primeira-ministra Theresa May, que, depois de ter ido ao local da tragédia sem se reunir com os moradores, foi vaiada.
"A história de duas líderes", publicou neste sábado o Daily Mirror em sua capa, que exibia as duas fotografias, enquanto o Times assinalava que a premier se cercou de forte proteção policial durante sua visita.
A causa do incêndio ainda não foi determinada.
Vergonha
Segundo o serviço de saúde pública NHS, 19 vítimas permaneciam internadas, 10 delas em estado crítico. Autoridades temem que algumas vítimas não possam ser identificadas, devido às altas temperaturas alcançadas no incêndio.
Na sexta, sobreviventes da tragédia, amigos de vítimas e membros da comunidade local invadiram a sede administrativa do bairro de Kensington e Chelsea, onde fica a torre.
"Exigimos justiça!", "Vergonha!", "Assassinos!", gritavam os manifestantes, somando palavras de ordem contra a premier: "Theresa May, é hora de você ir!"
Os manifestantes criticam autoridades locais por não terem dado ouvido a seus alertas sobre a segurança do prédio, de 24 andares, porque vinham de uma população majoritariamente de baixa renda.
Muitos denunciaram que não havia saídas de emergência, extintores ou alarmes de incêndio. Além disso, o revestimento instalado na fachada no ano passado teria facilitado a propagação do fogo, segundo eles.
O incêndio gerou um forte movimento de solidariedade, em que foram arrecadadas mais de 3 milhões de libras para as vítimas, bem como roupas e alimentos. O Papa Francisco transmitiu seus pêsames às famílias das vítimas.