A Itália tem "a consciência tranquila" e evita criar polêmica com as autoridades britânicas sobre o relatório enviado a Londres em relação a um dos autores do atentado do último sábado (3), de nacionalidade ítalo-marroquina. A declaração foi dada, nesta quarta-feira (7), pelo chefe da Polícia, Franco Gabrielli.
– Temos cópia dos relatórios e provas do acompanhamento feito. Temos a consciência tranquila – assegurou Gabrielli.
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O ítalo-marroquino Youssef Zaghba, de 22 anos, identificado como o terceiro autor do atentado que causou a morte de oito pessoas e deixou dezenas de feridos, foi assinalado como "suspeito" em 2016 pelas autoridades britânicas, gerando polêmica no país.
– Também temos um grande senso da responsabilidade e entendemos a dor e as dificuldades daqueles que têm que viver uma situação tão complicada – reconheceu Gabrielli, à margem de uma reunião de policiais europeus em Lampedusa.
Para Gabrielli, a Itália se encontra em uma situação "mais favorável" em relação ao Reino Unido, país que recebe "inúmeros" relatórios e acolhe sujeitos perigosos.
– Assim, fazer alarde de nossas capacidades é um exercício improdutivo, incorreto e pode ser negado em qualquer momento pelos fatos – esclareceu.
Zaghba, filho de pai marroquino e mãe italiana, foi detido em março de 2016 em Bolonha quando pretendia ir à Turquia e, depois, para a Síria. Em seu celular, os investigadores encontraram sermões muçulmanos e o rastro de consultas a sites de extremistas, elementos suficientes para ser assinalado como "suspeito" e entrar na lista de pessoas "de risco".
Gabrielli recordou que o jovem foi seguido de perto durante as curtas passagens pela Itália para visitar a mãe. Para a Scotland Yard, o jovem não estava no radar dos agentes.
Diante do pedido de alguns setores para que a legislação seja mais severa com as pessoas de perfil similar, o chefe da Polícia italiana manifestou as suas dúvidas.
– Não podemos acusar essas pessoas simplesmente porque visitam alguns sites. Isso poderia conduzir a situações extremamente complexas. A possibilidade de estabelecer contatos, trocar ideias e discutir as causas faz parte de nossas liberdades fundamentais – afirmou.