Sentimentos de tristeza e angústia dominavam neste sábado os familiares e amigos dos cinco desaparecidos após a explosão de uma mina ilegal de carvão na Colômbia, na qual morreram oito mineiros.
Édgar Liz dedicou 35 de seus 53 anos à mineração no município de Cucunubá, a 90 km de Bogotá, onde na tarde de sexta-feira a concentração de gás metano provocou o desastre, que também deixou um ferido.
Nas mais de três décadas de trabalhos debaixo da terra, nunca presenciou um acidente como este. E tampouco imaginou que fosse acontecer com um parente: seu filho Andrés Antonio Liz, de 35 anos, é um dos cinco desaparecidos.
– Isso é duro para um pai, ter uma notícia dessas sem saber se está vivo ou se já faleceu, pois temos que esperar para ver os que os organismos de socorro dizem – disse Liz à AFP visivelmente comovido.
Andrés Antonio trabalhava há um mês e meio em um dos dois túneis onde aconteceu a explosão.
– Ele dizia que a mina estava bem ventilada, embora na área houvesse muito gás – assinalou seu pai.
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Duas pessoas próximas a Ana Milena Torres também são procurados pelas autoridades, que enviaram mais de 35 socorristas e sete engenheiros para que trabalhem de forma "ininterrupta" no resgate, segundo indicou a estatal Unidade Nacional para Gestão de Risco de Desastres (UNGRD).
– Tristeza, dor, porque essas são pessoas que conhecemos há muitos anos, que compartilharam coisas – explicou esta mulher de 38 anos.
Busca ininterrupta
Segundo o diretor da UNGRD, Carlos Iván Márqueza, as duas minas, conhecidas como Cerezo e Cuasco, estavam conectadas e exploravam o mineral de forma subterrânea.
O funcionário assegurou que ambas as jazidas têm uma inclinação de 45º, o que prejudica as operações de resgate, embora tenha destacado a boa oxigenação e que não houve inundações.
– Escutamos uma explosão que tremeu as casas, as telhas, parecia que os vidros iam quebrar, saiu um mundo de terra, uma chama terrível. Meu Deus, ficamos todos em choque – explicou María Cristina Salazar, de 47 anos.
O presidente Juan Manuel Santos, que na sexta-feira finalizou uma visita à França, lamentou a tragédia e ordenou a transferência ao local de "mineiros especialistas". "A força pública também [irá] para apoiar", tuitou.
A Agência Nacional de Mineração assegurou que neste município há 44 minas legais e um número similar de irregulares.
Em um relatório, a entidade afirmou que nos primeiros cinco meses de 2017 houve na Colômbia 28 emergências de mineração, que deixaram 23 mortos e 33 feridos. Cerca de 60% destes acidentes ocorreram em minas de carvão.
Em 2016 foram registrados 114 emergências deste tipo, com um balanço de 124 mortos, detalhou o relatório.
A produção de carvão encerrou 2016 com uma "cifra histórica" para a Colômbia, acima de 90 milhões de toneladas, segundo o Ministério de Minas e Energia.