Deputados conservadores consideram que a primeira-ministra britânica, Theresa May, fez uma campanha "catastrófica". Quando antecipou as eleições, em abril, May pretendia ampliar a base aliada no parlamento para respaldar as negociações do Brexit. No entanto, a líder conservadora perdeu a maioria absoluta no Legislativo.
A eleição no Reino Unido ocorreu na quinta-feira (8) e o resultado da votação foi divulgado nesta sexta-feira (9).
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Veja cinco razões que fizeram a primeira-ministra britânica perder a maioria absoluta no parlamento nas eleições legislativas.
1. O pecado original
May deveria ter desconfiado quando convocou as eleições antecipadas em abril, três anos antes da data prevista. Especialmente depois de ter prometido não encurtar a legislatura.
É verdade que, naquele momento, todos os indicadores eram positivos e as pesquisas previam uma vitória sobre o Partido Trabalhista com uma ampla vantagem. No entanto, a história tem mostrado que tentar ampliar a base aliada a partir da aprovação em pesquisas é um exercício perigoso.
Os conservadores britânicos já haviam convocado eleições antecipadas em 1974, perdendo para o Partido Trabalhista.
O antecessor de May, David Cameron, também estava convencido de que iria vencer o referendo sobre a saída da União Europeia, em 2016, e teve que renunciar quando o Brexit prevaleceu.
– Foi uma aposta e Theresa May perdeu. Isso levanta dúvidas sobre a sua perspicácia política – observa Mike Finn, cientista político da Universidade de Warwick.
2. Recuo de May durante a eleição
O programa dos conservadores, divulgado durante a campanha, incluía uma medida muito impopular sobre o financiamento do tratamento médico aos idoso, apelidado de "imposto sobre a demência".
A indignação foi imediata e, quatro dias depois, May teve que voltar atrás, numa guinada dramática. Mas o estrago já estava feito: a primeira-ministra foi acusada de mudar de opinião, caiu nas pesquisas e não conseguiu transmitir sua mensagem com base no Brexit.
– Theresa May estragou sua campanha. A mensagem transmitida foi infeliz e a guinada a respeito da saúde dos idosos foi catastrófica – declarou a deputada conservadora Ann Soubry, que foi reeleita por uma margem estreita de votos.
3. Atentados e austeridade dos conservadores
Os três ataques terroristas que atingiram o Reino Unido desde março fizeram com que a questão da segurança ocupasse o centro da campanha eleitoral. Apesar de ser tradicionalmente um ponto forte para os conservadores, o Partido Trabalhista soube como colocar em evidência a política de austeridade e os cortes orçamentais do governo de direita, que suprimiu em 20 mil o número de postos policiais em seis anos.
Apesar do perfil pacifista do líder Jeremy Corbyn, o Partido Trabalhista anunciou que criaria 10 mil novos postos policiais, entre outras promessas orçamentais rejeitadas por May.
4. May não foi aos debates
Desde o início da campanha, May anunciou que não participaria em qualquer debate televisionado, limitando-se simplesmente a responder duas sessões de perguntas e respostas com um jornalista e o público.
A oposição aproveitou a oportunidade para denunciar a sua "falta de coragem" e "fraqueza". Especialmente após um debate que reuniu praticamente todos os líderes dos principais partidos, em que May foi atacada por todos os lados sem poder responder.
Para justificar-se, a primeira-ministra disse que preferia "dialogar com os eleitores."
5. Falta de empatia
O problema é que May, de fato, também se esquivou dos eleitores, organizando pequenos comícios, enquanto o rival Corbyn discursava para milhares de pessoas.
Muitos eleitores repreenderam a frieza e a falta de empatia de May. Péssima oradora, a primeira-ministra limitou-se em repetir monotonamente as mesmas mensagens.
"Theresa May tem o calor, humor, eloquência e charme de um congelador lotado de crepes Findus em decomposição", escreveu Rod Liddle, colunista do Spectator, um semanário político conservador.