Com a "Ode à Alegria" de Beethoven ao fundo, Emmanuel Macron foi recebido por milhares de franceses, que gritavam seu nome em frente à pirâmide do museu do Louvre, em Paris, onde ele jurou servir à França com amor.
A pirâmide de vidro e alumínio na esplanada do mítico museu parisiense foi iluminada por luzes douradas quando o presidente eleito, de 39 anos, chegou ao cenário previsto para a ocasião.
– Esta noite a França venceu – clamou, entre aplausos e gritos de alegria ao centrista pró-UE, que se tornará o presidente mais jovem da França, depois de ter derrotado no domingo, com mais de 65% dos votos, a candidata ultradireitista Marine Le Pen no segundo turno das presidenciais. Conforme a página do Ministério do Interior da França, 99,99% das urnas foram apuradas.
– Todo mundo nos disse que era impossível, mas não conhecem a França – acrescentou com a pirâmide ao fundo este jovem que até três anos atrás era um total desconhecido, antes de jurar ao país: "Vou te servir com amor".
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Pouco depois, sua esposa, Brigitte, uniu-se a ele no estrado, sem conseguir conter as lágrimas.
Ambos, junto aos filhos e netos dela, aos quais considera seus, cantaram a Marselhesa.
– É um símbolo de esperança. É como Obama oito anos atrás. É a juventude, a oportunidade. Vejam sua equipe, tem gente de todos os horizontes – disse, exultante, Jean-Luc Songtia, um taxista de 36 anos.
Apesar da queda da noite e da temperatura, centenas de pessoas continuavam chegando à Esplanada do mítico museu, no coração de Paris, para ver em carne e osso seu presidente. Segundo a equipe de Macron, 40.000 pessoas estavam no lugar.
Os "helpers", voluntários da equipe do presidente eleito, distribuíam entre a multidão, a sua maioria na casa dos 20 anos, bandeiras nas cores nacionais (branca, azul e vermelha), e camisetas com o nome do movimento "nem de esquerda, nem de direita" de Macron, o Em Marcha!
Em pleno estado de emergência, as medidas de segurança para entrar na esplanada foram excepcionais. Um falso alerta teria obrigado, horas antes, a evacuação do local, onde estavam credenciados 1.800 jornalistas.
Uma festa de rua improvisada perto do Louvre, onde se ouvia música ao vivo, continuava animando centenas de pessoas passada a meia-noite.
A avenida Champs Elysées, a mais famosa do mundo, também virou uma festa com a divulgação dos resultados. Motoristas faziam buzinaços, agitavam bandeiras nacionais e imortalizavam o momento com selfies.
– Simplesmente a aniquilou – disse, entusiasmado, Abdel Ukil, de 31 anos. "Estava certo de que não superaria 40%" dos votos, acrescentou, em alusão a Le Pen, que em Paris conquistou apenas 10% do eleitorado com seu programa anti-imigração e antieuropeu.
Seu resultado "mostra que a Frente Nacional, embora com uma nova chapa, não pode vencer na França", comemorou Johanna, uma jurista de 32 anos, que junto com seu marido e seus dois filhos pequenos se reuniram em frente ao quartel-general de Macron.
A alta taxa de abstenção, a mais elevada na França desde 1969, preocupa alguns dos partidários do novo presidente.
– O povo não se sente representado, se sente esquecido – avaliou Sylvie Semet, de 58 anos. – Macron terá que trabalhar duro – concluiu.