O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se defendeu da acusação de repassar informações secretas à Rússia alegando que tem o "direito absoluto" de compartilhar os dados reservados de inteligência.
"Como presidente, quis compartilhar com a Rússia (em um evento aberto da Casa Branca), como é meu direito absoluto, fatos sobre terrorismo e segurança aeronáutica", expressou Trump em uma série de tuítes, nesta terça-feira (16).
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Além disso, o presidente norte-americano afirmou que, com a medida, esperava que "Rússia aumentasse de forma importante sua participação na luta contra o EI (Estado Islâmico) e o terrorismo".
Desde a tarde de segunda-feira, Trump se encontra no centro de um escândalo por denúncias de ter repassado a funcionários russos informações de inteligência que eram consideradas de grau máximo de reserva.
Na semana passada, Trump recebeu no Salão Oval o chanceler russo, Serguei Lavrov. De acordo com denúncias de jornais como Washington Post e The New York Times, assim como da rede CNN, o republicano mencionou, durante a conversa, que o EI planejava ataques contra os Estados Unidos utilizando laptops em voos.
Os dados de inteligência repassados pelo presidente dos Estados Unidos a autoridades russas na semana passada foram fornecidos aos EUA por Israel, informou a AFP com base em notícias da imprensa norte-americana. As informações secretas foram concedidas sob a condição de segredo total, incluindo países aliados, para não expor a fonte.
Durante uma cerimônia junto com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, Trump disse nesta terça-feira que "teve uma reunião bem-sucedida com o ministro russo das Relações Exteriores", mas sem dar mais detalhes.
Diálogo apropriado
Em uma tentativa de dirimir as suspeitas, o conselheiro de Segurança Nacional, general Herbet McMaster, negou nesta terça que Trump tenha dito algo "inapropriado" a Lavrov, reiterando que as denúncias se baseiam em uma história "falsa".
– De nenhuma maneira, o presidente manteve um diálogo inapropriado, ou que resultasse de qualquer forma em uma exposição da segurança nacional – disse McMaster.
O conselheiro da Presidência admitiu que Trump não havia sido informado de que a fonte desse dado sobre a segurança aeronáutica era extraordinariamente sensível.
Na visão de McMaster, Washington e Moscou possuem "interesses comuns" sobre o Estado Islâmico, e os dois países se beneficiariam de dados de Inteligência sobre como melhorar sua segurança aérea. Por isso, é "completamente apropriado" compartilhar informações com a Rússia, de acordo com McMaster.
A denúncia contra Trump ocorre em meio ao terremoto político gerado há uma semana pela demissão do diretor do FBI, James Comey, que investigava os contatos entre a Rússia e o comitê de campanha de Trump nas eleições do ano passado.
Reações
Na segunda-feira, em reação à publicação, o conselheiro de Segurança dos Estados Unidos, general Herbert Raymond McMaster, confirmou, na segunda-feira, o repasse de informações à Rússia, mas frisou não "houve revelações sobre operações militares que não sejam de conhecimento público".
O secretário de Estado, Rex Tillerson, também se pronunciou na segunda-feira e disse que Trump e Lavrov "discutiram ampla gama de questões", incluindo esforços conjuntos para conter as ameaças do terrorismo.
Nesta terça-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que a questão da suposta divulgação por parte de Trump de segredos do Estado à Rússia não merece ser confirmada ou negada, classificando-a de "nonsense".
– Para nós, isso não é uma questão, é nonsense – disse Peskov. – Não é uma questão que merece ser confirmada ou negada – acrescentou.
*AFP