A explosão de um caminhão-bomba deixou ao menos 80 mortos e mais de 360 feridos em Cabul, capital do Afeganistão, nesta quarta-feira (31). O atentado ocorreu às 8h25min local (1h25min no horário de Brasília) e teria sido provocada por um homem-bomba que detonou um caminhão com explosivos na praça Zanbaq, no 10º distrito de Cabul, região ultraprotegida em que se concentram diversas embaixadas internacionais.
A atualização do número de vítimas foi confirmada pelo Ministério da Saúde e outras autoridades do governo afegão. O balanço de mortos e feridos pode ser ainda maior, já que os serviços de resgate ainda estão retirando corpos dos escombros. Segundo o porta-voz da polícia de Cabul, Basir Mujahid, o veículo utilizado no ataque era pequeno e pertencia ao serviço de rede de esgoto.
– O alvo não está ainda claro, mas foi perto da embaixada da Alemanha – afirmou Mujahid, lembrando que o local está cercado.
A forte detonação foi ouvida em vários pontos da cidade e a área em que ocorreu o atentado ficou repleta de carros destruídos. As forças de segurança e os serviços de emergência foram mobilizados. As autoridades tentam identificar o alvo do ataque, que ainda não é conhecido.
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A explosão ocorreu a cerca de 100 metros da embaixada indiana, revelou o embaixador Manpreet Vohra ao canal de TV Times Now, confirmando que não há vítimas entre o seu pessoal.
– A detonação foi muito forte e os prédios na região sofreram danos consideráveis em termos de vidros e janelas quebradas – disse Vohra.
A emissora também confirmou que o prédio da embaixada alemã foi atingido, e que construções próximas estavam em chamas. Segundo o Ministério da Saúde afegão, também ficam próximas à área do ataque as embaixadas da Alemanha, da Turquia e do Japão.
Conforme a BBC, um segurança afegão da embaixada da Alemanha morreu, enquanto outros funcionários ficaram feridos. As sedes diplomáticas da França e da Turquia informaram que não contabilizaram feridos. Já a embaixada do Japão relatou duas pessoas feridas pela explosão.
Entre os mortos pelo atentado, está Mohammed Nazir, que trabalhava como motorista da BBC há mais de quatro anos, e Aziz Navin, da agência afegã de notícias Tolo. Outros quatro funcionários da rede britânica também foram feridos no atentado.
Diante da magnitude do ataque, o Ministério do Interior do Afeganistão apelou à população para que doe sangue nos hospitais.
Até o momento, o ataque não foi reivindicado por nenhum grupo terrorista.
Atentado foi "crime de guerra", diz presidente
Várias embaixadas mencionaram danos materiais, incluindo as representações da França, Alemanha, Japão, Turquia, Emirados Árabes Unidos, Índia e Bulgária.
O ministro alemão das Relações Exteriores, Sigmar Gabriel, declarou que "tais ataques não modificam nossa determinação de apoiar o governo afegão em seus esforços para estabilizar o país".
A missão da Otan no país elogiou a "vigilância e a coragem das forças de segurança afegãs que impediram o veículo" de avançar ainda mais na zona diplomática.
As autoridades afegãs condenaram o atentado, que acontece poucos dias após o início do Ramadã, o mês sagrado de jejum muçulmano. Para o presidente Ashraf Ghani, o ataque foi um "crime de guerra".
– Estes terroristas continuam matando inocentes inclusive durante o mês sagrado do Ramadã – afirmou, indignado.
O atentado aconteceu poucos dias depois do início do mês sagrado do Ramadã, o jejum muçulmano. O primeiro-ministro afegão, Abdullah Abdullah, condenou o ataque no Twitter.
"Queremos paz, mas os que nos matam durante o mês sagrado do Ramadã não merecem ser convocados para selar a paz, devem ser destruídos e extirpados", escreveu.
O ataque coincide com a "ofensiva de primavera", anunciada no final de abril pelos talibãs. Porém, um porta-voz da organização escreveu no Twitter que o grupo "não está envolvido no atentado de Cabul e o condena com veemência".
Nas últimas semanas, o Estado Islâmico (EI) também executou vários atentados na capital afegã.
O diretor do Pentágono, Jim Mattis, declarou há alguns dias que 2017 será um ano difícil para o exército afegão e para os soldados estrangeiros enviados ao Afeganistão. Em abril, o secretário de Defesa norte-americano fez uma visita surpresa ao país.
Os Estados Unidos, que enfrentam o mais longo conflito de sua história no Afeganistão, têm 8,4 mil militares em território afegão. Os norte-americanos são apoiados por mais 5 mil homens de países aliados, membros da Otan.
*ZERO HORA e AGÊNCIAS