Pelo menos oito pessoas morreram, nesta quarta-feira (3), em um atentado contra um comboio blindado da Otan perto da embaixada norte-americana em Cabul, poucos dias depois do início da ofensiva de primavera dos talibãs.
A explosão também deixou 25 feridos – a maioria civis, segundo Najib Danish, porta-voz do ministério afegão do Interior. Entre os feridos, além disso, estão três soldados estrangeiros.
"Suas vidas não correm perigo", informa um comunicado das Forças Armadas americanas sob mandato da Otan no Afeganistão.
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Os militares estrangeiros circulavam em veículos blindados de transporte de tropas (MRAP) no momento da explosão, de acordo com testemunhas e vídeos divulgados pelas redes sociais.
Ao menos três veículos civis e outros dois militares ficaram destruídos na explosão, que deixou uma cratera na avenida próxima à embaixada americana. O ataque destruiu vitrines e janelas dos edifícios próximos.
O atentado com carro-bomba tinha como alvo "um comboio americano que patrulhava perto da embaixada dos Estados Unidos e do quartel-general da Resolution Support", a operação da Otan no Afeganistão, disse uma fonte de segurança.
Até o momento não houve uma reivindicação de responsabilidade pelo ataque, ocorrido dias após os talibãs anunciarem, na sexta-feira passada, o início de sua "ofensiva de primavera", que neste ano chamam de "Operação Mansuri", em homenagem ao seu falecido líder, o mulá Akhtar Mansur.
"O principal alvo da Operação Mansuri serão as forças estrangeiras, suas infraestruturas militares e de informação, e a eliminação de seus mercenários locais", referindo-se aos soldados e policiais afegãos, alertaram os talibãs ao anunciá-la. "O inimigo será atingido, perseguido, morto ou capturado até que abandone sua última posição", afirmaram.
A ofensiva marca o início da temporada de combates, embora nos últimos anos os talibãs tenham seguido atacando as tropas afegãs durante a tradicional trégua de inverno.
"Um ano difícil"
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Jim Mattis, disse na semana passada, durante uma visita surpresa a Cabul, que é esperado "um novo ano difícil" para as tropas afegãs e estrangeiras. No entanto, Mattis não se pronunciou sobre o eventual envio de mais tropas, como pede o general John Nicholson, comandante das tropas americanas e aliadas no Afeganistão.
No último domingo, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, declarou ao jornal alemão Welt am Sonntag que a Aliança estudava aumentar o efetivo da "Resolute Support".
O conflito afegão é o mais longo da história para os Estados Unidos, que mantém no Afeganistão 8,4 mil militares junto a 5 mil da Otan.
As tropas da Otan estão em guerra no país desde 2011, após a deposição dos talibãs por não entregar Osama bin Laden depois dos ataques de 11 de setembro de 2001.
Além de apoiar as forças policiais e militares afegãs, os militares americanos atacam com aviões e drones as posições da Al-Qaeda, dos talibãs e do grupo extremista Estado Islâmico (EI) no Afeganistão.
Desde o final de 2014, quando se tornou efetiva a retirada da maioria das forças ocidentais, o exército afegão sofre o crescente assédio dos talibãs. Mais de um terço do território afegão não é controlado pelo governo central, enquanto Cabul sofre ataques quase diários.
*AFP