O presidente sírio, Bashar al-Assad, afirmou que o ataque químico em Khan Shekhun, cidade controlada por rebeldes, foi totalmente "fabricado" e serviu de "pretexto" para justificar os ataques americanos contra o exército sírio. O líder do regime sírio concedeu uma entrevista à AFP, em Damasco, na quarta-feira.
– Para nós, trata-se de um evento 100% fabricado – afirmou Assad na primeira entrevista após o suposto ataque químico de Khan Sheikhun, na província de Idlib, no noroeste do país, e as represálias americanas. – Nossa impressão é que o Ocidente, principalmente os Estados Unidos, é cúmplice dos terroristas e que montou essas história para servir de pretexto para o ataque.
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Países da comunidade internacional culparam Assad pelo suposto ataque químico, na semana passada. Em retaliação, os Estados Unidos realizaram seus primeiros ataques contra uma base militar do regime sírio desde o início do conflito, há seis anos.
O suposto ataque químico, cujas imagens de pessoas atingidas chocaram o mundo, causou em 4 de abril a morte de 87 civis, incluindo 31 crianças, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
– As únicas informações disponíveis para o mundo até o momento presente são as publicadas pela facção da Al-Qaeda – assegurou o chefe de Estado sírio em referência ao grupo extremista islâmico Fatah al-Sham, que controla a cidade de Khan Sheikhun com os rebeldes.
Assad negou qualquer envolvimento no ataque, argumentando que seu regime não possui armas químicas desde 2013.
– Nós não possuímos armas químicas. Há vários anos, em 2013, renunciamos a todo o nosso arsenal. E mesmo que possuíssemos tais armas, nunca usaríamos – ressaltou.
O presidente sírio afirmou ainda que deseja uma investigação sobre o que aconteceu em Khan Sheikhun, mas desde que seja "imparcial".
– Vamos trabalhar (com os russos) para uma investigação internacional. Mas deve ser imparcial. Só iremos permitir uma investigação se, e somente se, for imparcial e com a participação de países imparciais para ter a certeza de que não será utilizada para fins políticos – disse ele.
*AFP