Os Estados Unidos dispararam 59 mísseis nesta quinta-feira contra alvos na Síria, em resposta ao ataque com armas químicas atribuído ao regime do presidente Bashar al Assad. Segundo o exército sírio, seis pessoas morreram no bombardeio. Entre elas, um general de Brigada da Força Aérea.
Uma fonte do Pentágono informou que 59 mísseis de cruzeiro Tomahawk foram disparados contra a base aérea de Shayrat, de onde, segundo Washington, partiu o ataque químico, que deixou 86 mortos, incluindo várias crianças.
Leia mais:
Putin qualifica como "agressão a estado soberano" ataque americano à Síria
Israel mostra "apoio total a mensagem forte" de Trump em bombardeio à Síria
Ataque americano mata quatro militares e destrói base na Síria
Um bombardeio aéreo atingiu na terça-feira, por volta das 7h (1h de Brasília) a pequena cidade de Khan Sheikhun, controlada por rebeldes e extremistas na província de Idleb, no noroeste da Síria.
Imagens de uma correspondente da AFP mostraram corpos sem vida estendidos na calçada e pessoas sofrendo convulsões e crises de asfixia.
Veja o que já se sabe sobre a situação na região:
A natureza do ataque
Os elementos recolhidos durante as primeiras análises realizadas com as vítimas do suposto ataque químico na Síria indicam que elas foram expostas ao gás sarin, um potente agente neurotóxico, segundo o ministério da Saúde turca.
A fonte acrescentou que mais de 30 pessoas feridas se encontram hospitalizadas na Turquia.
Quem é o responsável?
Vários dirigentes, especialmente ocidentais, e a oposição síria acusaram o regime de Bashar Al Assad.
– Todas as provas que vi sugerem que foi o regime de Al Assad.... Usando armas ilegais contra seu próprio povo – afirmou o secretário britânico de Relações Exteriores, Boris Johnson.
O presidente francês, François Hollande, fez alusão à "responsabilidade" de Assad no "massacre" e a Casa Branca denunciou como um "ato odioso do regime" de Damasco. A Coalizão Nacional, grande plataforma opositora síria, questionou o "regime do criminoso Bashar" al Assad.
O que dizem o regime e seus aliados
O Exército sírio desmentiu "categoricamente ter empregado qualquer substância química em Khan Sheikhun". O presidente russo Vladimir Putin considerou "inaceitável" acusar sem provas o regime sírio de responsabilidade no suposto ataque.
Armas químicas na Síria
Em agosto de 2013, o regime foi acusado de ter empregado gás sarin em um ataque contra dois setores rebeldes na periferia de Damasco, que deixou, segundo os Estados Unidos, mais de 1,4 mil mortos.
O governo rechaçou as acusações e ratificou, na ocasião, a Convenção sobre a Proibição de Armas Químicas. A Síria deveria ter destruído seu arsenal químico em virtude de um acordo entre Moscou e Washington, mas suspeita-se que o regime tenha voltado a utilizar este tipo de armamento em várias ocasiões.
Em outubro do ano passado, o Conselho de Segurança recebeu um informe concluindo que o exército sírio tinha realizado ataques com cloro em 2014 e 2015.
No começo de março deste ano, a Organização para a Proibição de Armas Químicas (OIAC) informou que investigava outros oito ataques com gás tóxico cometidos na Síria desde o começo de 2017.
O regime sírio e a Rússia acusam grupos rebeldes armados ou extremistas de usar armas químicas.
*AFP