Faltando 14 dias para o segundo turno da eleição presidencial, os candidatos de centro, Emmanuel Macron, e de extrema-direita, Marine Le Pen, divergem na maioria dos temas – especialmente em relação à União Europeia (UE). Conheça os principais pontos dos programas de governo dos aspirantes ao Palácio do Eliseu:
Europa
A presidente da Frente Nacional (FN), Marine Le Pen, quer negociar em Bruxelas a saída da França da zona do euro e do espaço Schengen. Ao término das negociações, Le Pen convocaria um referendo sobre a permanência da França na UE.
A candidata de extrema-direita também pede a supressão da diretiva europeia sobre os trabalhadores deslocados e rejeita o tratado de livre comércio CETA entre a UE e o Canadá.
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Emmanuel Macron propõe o lançamento, após as eleições alemãs de outubro, de convenções democráticas em toda a UE que conduziriam a um projeto adotado por todos os países que desejarem.
O centrista projeta uma zona do euro com orçamento próprio, um Parlamento e um ministro das Finanças. Além disso, Macron quer limitar a um ano os contratos dos trabalhadores deslocados e defende o tratado CETA.
Imigração
Marine Le Pen quer reduzir a imigração a um saldo anual de 10 mil pessoas. Propõe inclusive uma moratória sobre a imigração ilegal. Limitaria as condições de asilo, endureceria o reagrupamento familiar para os migrantes e tornaria impossível a regularização ou naturalização de estrangeiros em situação ilegal. Prevê ainda a expulsão automática dos criminosos e delinquentes estrangeiros.
Le Pen suprimiria o "ius soli" que concede a nacionalidade aos nascidos em territórios francês, a ajuda médica estatal aos imigrantes e imporia um prazo de dois anos de presença regular antes que um estrangeiro possa reembolsar gastos de saúde.
Diferentemente de Macron, Le Pen proibiria o véu islâmico e o burkini no espaço público. O candidato de centro prometeu que irá examinar os pedidos de asilo em menos de seis meses.
Medidas sociais
Marine Le Pen quer restabelecer a aposentadoria aos 60 anos e abolir uma recente lei de flexibilização trabalhista, diferentemente do adversário. Os dois candidatos mantêm a semana de trabalho legal de 35 horas.
Macron prevê uma unificação dos regimes de aposentadoria e a estatização do seguro-desemprego. Um desempregado que recusar duas ofertas de trabalho perderia o seguro.
O centrista também suprimiria 120 mil empregos públicos, sem que a medida afete hospitais. Também quer criar 10 mil cargos de polícia e entre 4 e 5 mil de docentes.
Marine Le Pen quer mais funcionários nos serviços estatais e nos hospitais e menos nas coletividades locais. E 21 mil contratações novas na polícia e na alfândega.
Impostos
Marine Le Pen imporia um imposto de 35% sobre os produtos das empresas que transferirem as fábricas para o Exterior e penalizaria a contratação de estrangeiros. Baixaria em 10% o imposto sobre a renda nos setores mais baixos.
A candidata de extrema-direita também anularia o sistema de dedução direta de impostos previsto para 2018, enquanto Macron experimentaria a medida durante um ano.
O ex-banqueiro quer exonerar em um prazo de três anos a 80% dos lares o pagamento do imposto sobre o patrimônio e transformaria o imposto sobre as fortunas em um imposto imobiliário que não afetaria o patrimônio financeiro. Le Pen não pretende mudar o imposto pago pelos mais ricos na França.
Energia e agricultura
Ate 2025, Macron quer reduzir a proporção nuclear a 50% na matriz energética francesa, enquanto Marine Le Pen defende a opção nuclear e quer suspender a eólica.
Le Pen também baixaria o imposto sobre o valor agregado (IVA) para a criação de gado, enquanto Macron se comprometeu a não agregar novas normas francesas para os agricultores.
Educação e família
Le Pen imporia o uniforme nas salas de aula. Já Macron dará autonomia aos centros de ensino para contratar docentes, favoreceria zonas de educação prioritárias mediante um sistema de prêmios e salas de aula com menos alunos, além de proibir os telefones celulares nas aulas.
A candidata de extrema-direita substituiria o matrimônio homossexual por uma união civil e reservaria a reprodução assistida aos casais estéreis, enquanto Macron deseja que esta opção seja acessível a todas as mulheres.
Instituições
Macron exigiria que as pessoas que exercerem cargos eleitos não tenham antecedentes criminais e limitaria a três a quantidade de mandatos sucessivos.
Já Le Pen convocaria um referendo para inscrever na Constituição a "prioridade nacional" para os franceses.
*AFP