Duas pessoas morreram durante manifestações contra o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, nesta quarta-feira. Além de Caracas, opositores protestavam em diferentes cidades da Venezuela. Este é o sexto ato do mês contra o governo.
Um jovem de 17 anos, identificado como Carlos José Moreno Baron no jornal El Nacional, morreu com um disparo na cabeça. A informação foi confirmada pelo hospital para o qual o adolescente tinha sido levado.
– Faleceu. Estava em um ponto da concentração da oposição e recebeu um tiro por parte de um dos policiais que antes jogavam bombas de gás lacrimogênio contra a concentração – declarou à AFP o presidente do Hospital Clínicas Caracas, Amadeo Leiva.
A bala "estava alojada no cérebro. Ele entrou no hospital com sinais vitais, mas esse tipo de ferimento tem alta taxa de mortalidade", acrescentou.
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A segunda vítima, uma mulher de 23 anos identificada pelo jornal venezuelano como Paola Andreina Ramírez Gómez, foi baleada na cabeça durante uma manifestação na praça San Carlos de San Cristóbal, no Estado de Táchira. Segundo testemunhas locais, ela não participava do protesto.
A oposição venezuelana tenta marchar até a Defensoria Pública, no centro de Caracas, para exigir respeito aos poderes do Parlamento, único poder que controla, e eleições gerais para superar a crise política e econômica. No entanto, as forças de segurança impediram que a marcha, iniciada em 20 pontos, chegasse ao coração da cidade, onde manifestantes chavistas também protestavam.
Em várias áreas da capital – como em trechos da estrada Francisco Fajardo, a principal do país, bem como nos bairros de San Bernardino, onde o jovem foi ferido, EL Paraíso, Quinta Crespo e San Martin, no oeste da cidade – foram registrados confrontos depois que a polícia e o exército lançaram gás lacrimogêneo contra os opositores do presidente Nicolás Maduro. Os manifestantes responderam com pedras.
Os protestos contra Maduro, iniciados em 1º de abril, já fizeram sete mortos – contando as vítimas desta quarta-feira –, dezenas de feridos e mais de 200 presos.
A procuradoria, antes da morte do jovem de 17 anos, confirmou em um comunicado que investiga o caso. A procuradora-geral Luisa Ortega pediu nesta quarta-feira aos órgãos de segurança do Estado "que garantam" o direito de manifestação pacífica.
A oposição venezuelana convocou para quinta-feira um novo protesto contra o presidente Nicolás Maduro, após a gigantesca mobilização desta quarta-feira em todo o país.
– Amanhã, na mesma hora, convocamos todo o povo venezuelano a se mobilizar (...). Hoje fomos milhões e amanhã temos que reunir mais pessoas – declarou o líder opositor Henrique Capriles, em entrevista coletiva da coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUD).
*AFP