Pouco mais de dois após a posse, o governo do presidente norte-americano Donald Trump vem dificultando a entrada de migrantes nos Estados Unidos. De acordo com o jornal The New York Times, turistas, trabalhadores a negócios e familiares de residentes no país estão passando por verificações de segurança mais rigorosas por orientação da Departamento de Estado norte-americano.
Na semana passada, cabos enviados pelo chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Rex Tillerson, a todas as embaixadas do país orientaram funcionários de consulados para que ampliem o escrutínio. No entanto, as regras não atingem cidadãos de 38 países, incluindo a maioria dos países europeus e aliados como Austrália, Nova Zelândia, Japão e Coreia do Sul. O programa de isenção de vistos não abrange nações do Orienta Médio e da África.
"Os funcionários consulares não devem hesitar em recusar qualquer caso que apresente problemas de segurança. Todas as decisões sobre vistos são decisões de segurança nacional", escreveu Tillerson no comunicado distribuído aos diplomatas para as embaixadas.
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Dois decretos migratórios editados por Trump nos primeiros meses de governo foram alvo de polêmicas e embargos judiciais. No primeiro ato, o republicano vetou a entrada de imigrantes e refugiados de sete países (Irã, Iraque, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Iêmen). O segundo decreto excluiu os iraquianos da proibição, mas também foi alvo de bloqueios da Justiça.
Apesar do imbróglio em torno dos dois decretos, Trump vem endurecendo a entrada de migrantes no país. De acordo com quatro diplomatas ouvidos pelo jornal, os funcionários das embaixadas foram instruídos a fazer perguntas detalhadas sobre antecedentes familiares e fazer verificações sobre as redes sociais para saber se o candidato a viajar aos Estados Unidos já esteve em local controlado pelo Estado Islâmico (EI). Não está claro, no entanto, quem serão os alvos de escrutínio extra e a decisão deverá ficar a cargo dos agentes de segurança em cada embaixada.
Funcionários de consulados e advogados de migração afirmam que as medidas devem aumentar a negação de vistos. No ano passado, foram concedidas mais de 10 milhões de autorizações para viajar aos Estados Unidos.
Defensores reconhecem que há razões para apurar se candidatos a entrar em território norte-americano têm ligação com crimes ou terrorismo, mas advertem contra o escrutínio baseado apenas pelo nome ou nacionalidade.
– Isso certamento vai retardar o processo e impor uma carga substancial sobre esses candidatos – afirmou o diretor de advocacia da American Immigration, Lawyers Greg Chen.
A restrição à entrada de migrantes foi uma das principais bandeiras da campanha de Trump à Casa Branca. O republicano chegou a prometer a deportação imediata de todos os imigrantes ilegais que vivem nos Estados Unidos e a construção de um muro na fronteira com o México, propostas que foram criticadas por outros países e por norte-americanos insatisfeitos.