O maior julgamento contra acusados de apoiar o fracassado golpe de Estado de 15 de julho na Turquia teve início nesta, terça-feira, em uma localidade próxima de Ancara. A audiência ocorre em uma sala construída especialmente para o processo.
Os 330 acusados, a maioria membros de uma Escola de Oficiais das Forças Armadas, podem ser condenados a penas de prisão perpétua pelo suposto envolvimento na tentativa de golpe do ano passado, iniciada por uma ala dissidente do exército e atribuída pelo governo turco ao pregador islamita Fethullah Gülen, exilado nos Estados Unidos.
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As acusações são de assassinato, "tentativa de derrubar a ordem constitucional" e "pertencer a uma organização terrorista".
De acordo com a agência pró-governo Anadolu, 243 acusados estão em detenção provisória.
O julgamento conta com um grande aparato de segurança na prisão de Sincan, perto de Ancara. O primeiro a ser interrogado, o cadete Abdülkadir Kahraman, afirmou que na noite do golpe as tropas receberam munições depois que foram informadas por um superior sobre um ataque terrorista.
Outros acusados fizeram declarações similares, entre eles Arif Ozan Demir, segundo o qual seu comandante havia solicitado que os soldados permanecessem "preparados" ao evocar um ataque. Os processos judiciais iniciados após a tentativa de golpe não têm precedente na Turquia. Mais de 43 mil pessoas foram detidas nos expurgos iniciados após 15 de julho e com a instauração do estado de emergência no país.