A Gâmbia ainda está à espera do anúncio de uma data para a volta de seu novo presidente, Adama Barrow, mesmo com a partida para o exílio de Yahya Jammeh, acusado de ter, após 22 anos no poder, esvaziado os cofres do Estado.
Barrow pede garantias de segurança e a continuação da operação militar da África Ocidental.
Apesar de Jammeh ter ido para o exílio, o novo chefe de Estado considera as condições de segurança ainda insuficientes, segundo seu porta-voz, Mai Fatty.
O chefe do exército, general Ousman Badjie, por sua vez, afirmou ter "jurado lealdade ao novo presidente".
"Juramos lealdade em TV nacional", acrescentou, referindo-se a uma declaração na semana passada no Conselho de Segurança Nacional representado pelo general Badjie e os chefes de política, Yankuba Sonko, e de Alfândegas, Momat Cham.
"Se for necessário dançar para Barrow, nós faremos isso", ironizou.
Barrow, recebido desde 15 de janeiro no vizinho Senegal a pedido da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao), que temia por sua segurança durante os últimos dias de mandato de Jammeh, prestou juramento no dia 19 de janeiro na embaixada da Gâmbia em Dacar.
A capital Banjul registrou manifestações espontâneas de alegria para festejar a partida do ditador, que dirigiu com mão de ferro o país por mais de duas décadas.
O país estava afundado em uma profunda crise depois que Jammeh anunciou no dia 9 de dezembro que não cederia o poder a Adama Barrow.
Após múltiplas tentativas de persuadir Jammeh, os presidentes da Guiné, Alpha Condé, e da Mauritânia, Mohamed Uld Abdel Aziz, viajaram na sexta-feira a Banjul, para uma última mediação, que terminou com êxito.
Além disso, vários países da CEDEAO enviaram tropas à Gâmbia para pressionar Jammeh após o juramento de Barrow, que segue em Dacar.
Jammeh decolou na noite de sábado a bordo de um Falcon, acompanhado pelo presidente guineano Alpha Condé, rumo à Guiné Equatorial.
Em um comunicado conjunto, divulgado pouco depois de Jammeh abandonar o país, a CEDEAO, a União Africana e a ONU indicaram que defenderão os direitos do ex-presidente, incluindo a possibilidade de que retorne ao seu país, e declararam o fim da intervenção.
Na manhã deste domingo, soldados senegaleses da CEDEAO entraram no território da Gâmbia, sendo recebidos com alegria pela população e por militares.
Devido à crise política, mais de 45.000 pessoas fugiram do país desde o início de janeiro, a maioria rumo ao Senegal, segundo a Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR).
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